Estresse, ansiedade, dietas restritivas ou falta de nutrientes podem levar os animai de estimação a consumirem as próprias fezes ou a de outros animais (Foto: Divulgação)
Uma questão preocupante e que tem sido queixa recorrente de alguns tutores, a coprofagia, ou ingestão de fezes, é um comportamento comum entre alguns cães e gatos. O consumo do excremento não pode ser considerado apenas um hábito, devendo ser investigado por um veterinário.
Esse comportamento pode ser visto como um distúrbio comportamental ou resultado de problemas fisiológicos, como distúrbios gastrointestinais que afetam a absorção de nutrientes. O professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Bruno Alvarenga, explica as razões por trás desse comportamento, suas possíveis causas e como preveni-lo.
O docente do CEUB ressalta que há muitos motivos que podem levar os cães a ingerirem fezes. Segundo ele, o hábito pode ser uma deficiência nutricional, competição com outros animais, imitação de comportamento ou até mesmo estresse e falta de ocupação.
“Cães que vivem em apartamentos e não têm atividades suficientes ao longo do dia podem acabar ingerindo fezes por tédio. Enriquecer o ambiente e proporcionar atividades podem ajudar a evitar esse comportamento”, orienta Alvarenga.
Casualidade
Conforme explica o especialista, embora seja geralmente indesejada, existem situações em que a coprofagia é considerada normal. Como exemplo, ele cita que fêmeas de cães e gatos ingerem fezes após o parto para higienizar seus filhotes. Segundo ele, esse comportamento é natural e ajuda a manter o ninho limpo e a estimular os filhotes a urinar e evacuar.
Entretanto, o docente alerta que, em lares com cães e gatos, a ingestão de fezes felinas pode ser um problema devido à dieta rica em proteínas dos gatos. “As fezes dos gatos podem atrair cães. O ideal é manter a caixa de areia dos gatos em locais inacessíveis aos cães para evitar o contato”, sugere Alvarenga.
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Quais cuidados tomar?
A avaliação e o ajuste da dieta do animal são os primeiros passos para a prevenção da coprofagia. Conforme conta o médico veterinário, o tratamento preventivo se baseia em checar se a nutrição está adequada. Se necessário, aumentar a oferta de alimento ou fornecer uma alimentação balanceada.
“É importante, nesses casos, realizar exames para verificar se há doenças que causam desnutrição ou deficiência nutricional. Além disso, o tutor deve realizar atividades físicas com o animal, o que auxilia no controle da ansiedade e na redução da coprofagia”, comenta Alvarenga.
Ele acrescenta ainda que, para pets que já apresentam esse comportamento, o uso de produtos que deixam as fezes com gosto desagradável pode ser eficaz, pois Isso ajuda a condicionar o animal a não ingerir mais as fezes. “O acompanhamento veterinário é essencial para prescrição de medicações e realização de exames”, observa.
Por fim, ele ressalta que a prevenção e o tratamento da coprofagia requerem atenção aos detalhes da dieta, saúde e ambiente do animal e que, com acompanhamento veterinário adequado, é possível controlar e até eliminar esse comportamento indesejado, garantindo o bem-estar dos pets.
“Sempre que observada, a recomendação é buscar tratamento veterinário. É importante identificar se é um hábito corriqueiro ou algo pontual e agir de acordo”, recomenda o especialista.