Mesmo em caso de adoção ou lar temporário, veterinária dá dicas importantes para receber os pets em casa e contribuir na recuperação (Foto: Freepik/Divulgação)
Por conta das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, uma mobilização conjunta de voluntários, ONGs e Associações vêm se dedicando aos resgates de animais afetados.
Os abrigos têm enfrentado dificuldades para localizar os tutores dos animais e, quando isso não é possível, estes são encaminhados para lares temporários ou adoção definitiva, uma vez que os abrigos estão superlotados. Entretanto, os animais, por sua vez, enfrentam traumas e a dor da separação de seus tutores.
De acordo com a médica-veterinária da Special Dog Company, Kelly Maiara Lopes Carreiro, diante dessa realidade, garantir a recuperação dos pets exige que os novos tutores tenham um entendimento básico sobre o histórico do animal, obtido nos abrigos, além de tempo e estrutura para recebê-lo em seu lar e integrá-lo à rotina familiar.
“Os pets podem ter passado por momentos muito desafiadores e até levar certo tempo para superá-los, por isso é importante oferecer o máximo de suporte e segurança a eles”, ressalta a veterinária.
Para garantir a recuperação dos pets os novos tutores precisam ter um entendimento básico sobre o histórico do animal obtido nos abrigos. Foto: Shutterstock
Orientações
Diante desse cenário, a profissional destaca alguns cuidados essenciais para garantir o bem-estar físico e emocional desses animais: Dentre as orientações está a recepção responsável, ou seja, ao recebê-los em seu lar, é importante separar itens que o deixem confortável e o protejam do frio ou do calor.
“Também é crucial reservar locais em que ele possa descansar ou até mesmo se esconder, caso sinta essa necessidade. É fundamental que os adotantes tenham consciência das responsabilidades envolvidas na adoção e estejam dispostos a dedicar tempo e amor aos pets resgatados”, alerta.
Outra orientação está relacionada à identificação de estresse: uma vez que os sinais de estresse e trauma podem variar entre os animais, exigindo uma abordagem individualizada. Segundo ela, enquanto alguns podem demonstrar sinais imediatos, como tremores e vocalizações, outros podem manifestar comportamentos agressivos ou maior sensibilidade a estímulos.
“Nesses casos, é primordial procurar orientação de um médico-veterinário e/ou especialista em comportamento animal. Esse acompanhamento garantirá a melhor conduta a ser adotada, levando em consideração os sintomas ou comportamentos apresentados pelo cão ou pelo gato”, sugere a especialista.
É fundamental que os adotantes tenham consciência das responsabilidades envolvidas na adoção e estejam dispostos a dedicar tempo e amor aos pets resgatados. Foto: Pixabay
Ela cita ainda que é importante preparar um ambiente acolhedor com itens essenciais, como camas, brinquedos e locais de esconderijo, indispensáveis para promover o conforto e segurança dos animais resgatados.
“Oferecer brinquedos ou acessórios para esconder petiscos são uma ótima opção para entreter os cães, enquanto os gatos apreciam arranhadores, brinquedos com bolinhas e penas. Todo tipo de enriquecimento ambiental é benéfico para aliviar a tensão e o estresse dos animais”, indica.
Interatividade
Segundo a especialista, estabelecer uma rotina gradual de atividades, incluindo caminhadas e brincadeiras, é importante para promover a recuperação física e mental dos pets. Visitas regulares ao médico-veterinário também são recomendadas para monitorar a saúde. “Tudo deve ser introduzido aos poucos, assim, o tutor poderá avaliar se deve incluir mais atividades na rotina, diante das preferências e interesses dos pets”, informa a veterinária.
Além disso, ela comenta ainda que promover o equilíbrio entre os momentos de interação com períodos de descanso é vital para reduzir a ansiedade e promover um sentimento de segurança nos animais.
Estabelecer uma rotina gradual de atividades, incluindo caminhadas e brincadeiras, é importante para promover a recuperação física e mental dos pets. Foto: Shutterstock
Outro ponto a ser observado nesses casos é sobre a socialização gradual: uma vez que a introdução de novos membros da família, sejam humanos ou outros pets, deve ser feita de forma gradual, com paciência e supervisão cuidadosa dos tutores.
“Se houver outros animais na casa, é recomendado mantê-los inicialmente em cômodos separados e utilizar um acessório com o cheiro do novo animal para ajudar na familiarização”, orienta Kelly.
Nutrição
Conforme avalia a especialista, uma dieta adequada é fundamental para a recuperação dos animais traumatizados. Após possíveis dias sem se alimentarem ou devido a enfermidades, é importante oferecer alimentos de alta qualidade, ricos em nutrientes e de fácil digestão. “Os alimentos úmidos completos também são bastante atrativos e contribuem para a hidratação dos pets, sendo uma ótima escolha nesse processo de recuperação”, informa.
Alimentos úmidos completos e petiscos são bastante atrativos e contribuem para a hidratação dos pets, sendo uma ótima escolha nesse processo de recuperação. Foto: Shutterstock
Além disso, a especialista lembra ainda que adotar um animal implica estar ciente das responsabilidades envolvidas e disposto a dedicar tempo e amor, fundamentais para a recuperação de pets em diferentes situações de vulnerabilidade no Brasil.
Por fim, a veterinária destaca que, para animais resgatados de enchentes ou em outras condições debilitantes, é crucial garantir cuidados gerais, como higiene, saúde e alimentação. “O acompanhamento regular por médicos-veterinários é muito importante para monitorar a recuperação física e mental, além de manter as vacinas e vermífugos em dia”, conclui Kelly.
