Com a chegada da estação mais quente do ano, tutores precisam adotar algumas práticas com o objetivo de amenizar os incômodos causados pelas altas temperaturas aos bichinhos
Animais de estimação exigem cuidados especiais durante o verão, segundo especialistas que compartilham algumas orientações para que o pet possa desfrutar ileso da estação mais quente do ano, especialmente durante as férias com a família.
Segundo o médico veterinário de animais de companhia, Paulo Daniel Sant’Anna, as altas temperaturas favorecem o aumento da incidência de parasitos e as respectivas doenças transmitidas por vetores, como pulgas, carrapatos, moscas e mosquitos. Por isso, é importante o uso de produtos que atuem contra os insetos vetores, uma vez que a maioria das doenças é transmitida pela picada destes vetores.
Outro aspecto a ser observado são os destinos das férias. Sant’Anna alerta para as doenças endêmicas em algumas regiões, como é o caso da dirofilariose em cidades litorâneas.
“Consulte o médico-veterinário para receber orientações de como proteger o seu animal, evitando que o pet fique exposto às doenças.” A carteira de vacinação também deve estar em dia.
A médica veterinária da UCBVET, Mariana Amâncio, ressalta ainda sobre a presença de mosquitos, não somente da dengue, mas de outras doenças, que começam a se proliferar com mais facilidade em dias quentes e oferecerem riscos à população e aos animais, por conta do aumento de casos de Leishmaniose.
“O clima quente e chuvoso favorece também o aumento populacional principalmente dos mosquitos infectados, pois ele precisa de água e de um clima mais quente para poder se reproduzir. Podendo apresentar ou não sintomas visíveis no animal, a Leishmaniose não tem cura, mas há tratamento”, explica Mariana.
Hora do passeio
Esta é a hora mais esperada pelos cães, mas merece atenção e alguns cuidados. O ideal é evitar passear com o seu pet nos horários em que o Sol está mais forte, preferindo as primeiras horas da manhã ou à noite.
É importante, também, ficar atento à temperatura do chão. Para o animal, andar em um piso quente é dolorido e pode provocar queimaduras e lesões nos coxins (as patinhas). “Muitas vezes, o tutor não percebe que o piso está quente devido ao uso de calçado, porém o pet está desprotegido”, alerta o médico-veterinário, Paulo Daniel Sant’Anna.
Água fresca à disposição é um item imprescindível sempre, principalmente durante o passeio. O tutor deve observar quando o animal demonstrar cansaço e respeitar tempos de pausas para que o pet recupere o fôlego e se refrescar com água.
Para os animais que estão fora do peso, o cuidado é redobrado em dias de temperaturas mais quentes. “Cães obesos sofrem muito nesta estação e, às vezes, a obesidade, o cansaço e o sedentarismo estão associados às doenças hormonais que precisam ser diagnosticadas por um médico-veterinário”, ressalta Sant’Anna.
Raças que exigem maior atenção
Os cães de focinho mais curto, ou braquicefálicos como são chamados, das raças Bulldog, Pugs, Boxers e Shih Tzu merecem maior atenção, pois esta característica anatômica contribui para uma maior frequência das doenças respiratórias crônicas, de acordo com o médico-veterinário, Paulo Daniel Sant’Anna.
Esses defeitos anatômicos propiciam irregularidades no fluxo de ar por meio das vias aéreas superiores, causando inflamação decorrente do fluxo alterado do ar (velocidade) e pelo esforço contínuo, ou seja, respiração ruidosa. Quando são expostos ao calor ou exercícios, podem sofrer desconfortos respiratórios e, em casos mais graves, síncope e óbito. Por isso, o médico-veterinário alerta: “evitar o passeio nas horas de temperatura elevada e longas distâncias, respeitando os limites do animal”.
Felinos e o Verão
Embora de comportamentos bem diferentes dos cães, gatos também precisam de atenção em dias de Sol escaldante. “Deve-se evitar o passeio com gatos, mesmo com coleiras, devido ao comportamento desta espécie e pelo grande número de gatos abandonados em nossa cidade”, afirma o médico-veterinário.
O clínico veterinário de animais de companhia orienta, ainda, para o risco de contágio de doenças graves, que pode ocorrer, como o vírus da imunodeficiência felina (FIV) e o vírus da leucemia felina (FeLV), que acometem gatos domésticos e selvagens em todo o mundo.
“A principal forma de contaminação é por meio da saliva, pelo hábito comum de lambedura, mordidas, compartilhamento de potes de ração, caixas de areia e brinquedos, além do contato sexual.”
Os tutores devem adotar cuidados quanto à exposição destes animais ao Sol, uma vez que gatos de pele branca são mais sensíveis, podendo ocorrer queimaduras e câncer de pele, segundo o médico-veterinário.
Além de mantê-los hidratados, outra dica importantíssima é deixar sempre as janelas e as portas da sua casa/apartamento abertas. Dessa maneira, o ar poderá circular por todo o ambiente, tornando-o arejado e fazendo com que não haja aquela sensação de abafamento característica da época.
O mormaço tende a incomodar bastantes os felinos, que, como dito anteriormente, não suam e acabam absorvendo todo o calor recebido. Uma sugestão é ligar os ventiladores ou mesmo o ar condicionado para diminuir a temperatura do ambiente mesmo que seja por alguns instantes apenas.
Uma dica de extrema relevância é verificar se o gato está apresentando sinais de hipertermia. Se o felino estiver com as almofadinhas das patas quentes e as orelhas bastante avermelhadas, ele pode estar com excesso de calor acumulado no corpo. Caso não seja hidratado rapidamente, o gatinho pode apresentar respiração acelerada, letargia, tremores e até possíveis convulsões.
Animais na praia
Apesar de vigorarem, em muitas capitais litorâneas do País, leis municipais que proíbem a circulação e a permanência de cães e gatos nas areias das praias, é comum encontrar estes animais nesses locais.
No entanto, os acidentes por mordeduras, afogamentos, contaminação do ambiente por causa das fezes e da urina, além de diversas outras situações requerem um cuidado criterioso para estar com animais de companhia na praia.
“As fezes não recolhidas de forma adequada podem contaminar o ambiente e transmitir doenças ao homem, principalmente crianças e idosos, as chamadas zoonoses, como bicho geográfico e toxoplasmose”, afirma o médico-veterinário, Paulo Daniel Sant’Anna.