Aproveitando o Dia Nacional da Saúde Bucal, comemorado em 25 de outubro, veterinária dá dicas sobre prevenção que refletem na saúde geral dos animais
A doença periodontal é uma das enfermidades mais frequentes entre cães e gatos e os danos vão muito além do mau hálito. Assim como nos humanos, a falta de higiene bucal pode causar doenças orais, complicações sistêmicas, comprometimento das funções biológicas e agravamento de outras enfermidades já instaladas. Assim, o cuidado rotineiro e o acompanhamento veterinário regular são essenciais.
Segundo a médica veterinária da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, Franciele Fraiz, estudos de caso da rotina clínica indicam que as doenças periodontais afetam mais de 80% dos pets adultos, impactando dentes, gengiva, osso, cemento e ligamento periodontal.
“Além do processo inflamatório das doenças bucais ser dolorido, enquanto o organismo do animal trabalha para combater a infecção, são produzidas substâncias denominadas imunocomplexos, que se instalam nos rins, aumentando as chances do desenvolvimento de doenças renais”, observa a veterinária.
“A inflamação gerada no local permite que as bactérias entrem na corrente sanguínea e se instalem em outros órgãos, causando ou agravando doenças como a bronquite, a artrite e a endocardite. Por isso, algumas dicas são fundamentais”, acrescenta.
Escovação
Franciele afirma que a escovação dos dentes deve ser feita diariamente ou, ao menos, três vezes por semana, para evitar o acúmulo do biofilme bacteriano, uma placa que se forma na gengiva cerca de 24 horas a 32 horas após a ingestão de alimentos. São essas bactérias que formarão os cálculos dentários, ou tártaro, como são popularmente conhecidos, e a doença periodontal.
Para que os pets aceitem a escovação dentária com tranquilidade, o ideal é acostumá-los desde filhotes. “As primeiras tentativas podem ser feitas com uma gaze umedecida ou com dedeiras, até que o pet se acostume. Depois, a escova dental, adequada ao tamanho do pet, pode ser introduzida à rotina”, ensina.
Para os pets que não foram acostumados desde filhotes, a dica é vincular a higienização bucal a recompensas positivas, assim o pet passa a associar o momento da escovação com passeios, brincadeiras, elogios ou carinhos e, consequentemente, consegue tolerar a higienização com mais tranquilidade.
Os pets devem compartilhar do hábito de escovar os dentes, mas não dos nossos cremes dentais. O flúor e o xilitol na quantidade contida nas pastas dentais para humanos são tóxicos para os animais e podem provocar dores abdominais, náuseas, vômitos, letargia, danos no fígado e, até mesmo, convulsões. Enxaguantes bucais para humanos e outros produtos como bicarbonato de sódio e peróxido de hidrogênio também são proibidos para os pets.
“Existem cremes dentais específicos para pets que, além de serem seguros para eles, podem ser manipulados com sabores atrativos, como frango, bacon, banana, entre outros”, recomenda a veterinária.
Ajuda extra
Petiscos com componentes que auxiliam na higiene bucal, brinquedos que estimulam a mordedura, spray e espumas bucais com ativos para higiene e prevenção do mau hálito são alguns aliados para o dia a dia.
“Na manipulação veterinária é possível preparar mousses, filme oral e lenços umedecidos com fármacos adequados para cada pet e com o sabor de preferência dele, porém, devem ser utilizados de forma complementar à escovação, pois somente ela é capaz de fazer a remoção dos resíduos alimentares e biofilmes bacterianos depositados diariamente na superfície dos dentes e gengiva”, orienta.
Tratamento
Cuidar da saúde bucal dos animais é tão importante quanto a vacinação e o controle de ectoparasitas. O exame clínico realizado periodicamente é essencial, pois os sinais iniciais da doença periodontal são discretos e o tutor pode demorar a perceber que algo não vai bem.
Quando a placa bacteriana está instalada é necessária a realização de um procedimento cirúrgico para retirada da placa, restauração da profundidade da gengiva e extração dos dentes comprometidos. Os cuidados diários com os pets que passam pelo procedimento continuam os mesmos.
“A remoção cirúrgica vai corrigir os danos causados anteriormente, mas o acúmulo de biofilme bacteriano acontece diariamente. E vale lembrar que a rotina de higiene bucal não anula a necessidade de visitas regulares ao veterinário e nem a possibilidade de uma nova intervenção, pois alguns pets têm maior tendência à formação de placa bacteriana e doenças periodontais”, arremata.