Pesquisadores dos EUA, por meio de exames de ressonância magnética feitos no cérebro de cachorros, afirmam que o olfato é responsável pelo afeto desses pets com seus donos. Cientistas do Japão, por sua vez, garantem que a visão é que estabelece o vínculo amoroso, semelhante à relação da mãe com o bebê, quando trocam olhares
Geralmente brincalhões e amorosos, os cães criados com amor por seus tutores são, de fato, os melhores amigos dos seres humanos. E essa relação de afeto tem explicação científica, conforme atestam pesquisadores dos Estados Unidos e do Japão.
Segundo uma recente pesquisa da Emory University (EUA), os pets amam seus donos e os veem como alguém da família. Para chegar a essa análise, cientistas da instituição realizaram exames de ressonância magnética no cérebro de alguns cachorros e concluiu que o olfato é o responsável por identificar essa reciprocidade na atividade cerebral.
Esses exames mostraram que os cachorros conseguem diferenciar odores e reconhecem, imediatamente, seus donos e outros animais familiares pelo cheiro. “Quando o odor característico do tutor se aproxima, o cérebro do pet é acionado e a sensação de felicidade e recompensa é ativada”, explica o médico veterinário brasileiro Cleiton Rupolo.
“Esse é um amor indiscutível, mas a grande curiosidade das pessoas é saber como seus animais de estimação percebem essa relação”, acrescenta o especialista.
Ele também ressalta que esse sentimento de recompensa não é estimulado por nenhum outro perfume. “Muitos pensam que os cães amam seus donos pela comida ou pelos agrados que recebem, mas essa relação vai muito além disso. Os animais sentem amor por seus donos pelo simples fato de ficarem próximos, juntos, unidos”, diz Rupolo.
O médico veterinário explica que, por isso, a alegria nos cães é bem nítida quando, por exemplo, o tutor retorna para casa depois de uma viagem. “As atividades cerebrais pesquisadas durante esses momentos são muito semelhantes às que nós sentimos quando reencontramos alguém que amamos”, explica.
Interação
De acordo com Rupolo, toda experiência que o cãozinho tem, até os seis meses de vida, será de extrema importância para seu desenvolvimento, visto que o cérebro de um filhote é receptivo o suficiente para que essas ações influenciem todos os períodos que ele viver depois.
Cães criados por homens se sentirão mais confortáveis com a presença masculina e o mesmo vale para essa relação quando a dona é do sexo feminino.
“Para toda regra sempre há exceções, claro, mas estamos falando do que geralmente acontece com a maioria dos pets. Por isso, é tão importante que os tutores interajam com seus animais, passeando, brincando e se divertindo com eles”, aconselha Rupolo, que atua em sua especialidade na empresa Nutrire, indústria de alimentos de alta performance para pets.
Conexão do olhar
Se por um lado a recente pesquisa de norte-americanos explica que essa relação de amor começa pelo olfato, por outro, japoneses afirmam que essa ligação de afeto está na visão. A experiência foi publicada em 2015 pela Revista Science.
Segundo os cientistas asiáticos, a troca mútua de olhares produz elevados níveis de oxitocina, um hormônio que aumenta a confiança e a conexão emocional do pet. Inclusive, essa percepção, de acordo com os pesquisadores, é bem semelhante entre mães e seus bebês, quando se entreolham.
“Os cães são mais habilidosos do que os lobos e os chimpanzés que são, respectivamente os parentes mais próximos dos cães e dos seres humanos, em sua comunicação com os comportamentos sociais humanos”, mostrou o estudo de 2015, liderado por Takefumi Kikusui, do Departamento de Zootecnia e Biotecnologia da Universidade de Azabu, no Japão.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram cachorros e seus tutores, por 30 minutos, documentando todas as interações, incluindo palavras, carícias e olhares. Ao medirem os níveis de oxitocina, eles concluíram que “o aumento do contato visual entre cães e seus donos levava ao aumento da oxitocina no cérebro das duas espécies”, apontou o estudo.