A vacina é meio mais eficaz para evitar que seu cão ou gato contraia a raiva animal, zoonose pode levar seu pet, e até mesmo seres humanos, ao óbito
Com o objetivo de proteger os animais da raiva, o Agosto Laranja é o mês de campanha da vacinação antirrábica, que previne a zoonose que pode ser letal para os pets.
A vacina é oferecida gratuitamente pelo poder público por meio dos Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) e Secretarias de Vigilância em Saúde (SVS), presentes nos munícipios brasileiros. Caso prefira, o tutor também pode realizar a vacinação anual em Clínicas Veterinárias de sua preferência.
Diversas prefeituras ao redor do Brasil estão neste momento realizando campanhas de vacinação nos municípios.
A Raiva é uma zoonose viral, caracterizada por uma encefalite progressiva aguda e letalidade de quase 100%. Todos os mamíferos são susceptíveis ao vírus da Raiva, inclusive os seres humanos. A transmissão se dá, em geral, por meio da mordedura, arranhadura e/ou lambedura dos animais infectados, principalmente morcegos.
Os morcegos hematófagos são os principais hospedeiros do vírus da raiva por via aérea na América do Sul, portanto, deve ser sempre mantida uma distância desses animais, mesmo que estejam imóveis e/ou aparentemente mortos.
Em caso de acidente com um deles, a orientação é procurar um hospital ou posto de saúde mais próximo, para relatar o ocorrido e exigir o tratamento adequado.
Mesmo os morcegos sendo os maiores portadores da doença, são os cães e gatos, devido à proximidade e ao convívio diário, os que mais transmitem a raiva ao homem. No ano, passado, casos de raiva no Rio de Janeiro, em animais e humanos, acenderam um alerta sobre a doença.
Este ano, o governo do Distrito Federal chegou a antecipar a campanha de vacinação antirrábica para os pets. A decisão foi tomada após a Secretaria de Saúde confirmar que “um paciente do sexo masculino de 15 a 19 anos de idade foi infectado e está com a doença, em estado grave”.
O Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), criado em 1973, implantou entre outras ações, a vacinação antirrábica canina e felina em todo o território nacional. Desde 2004, houve significativa redução dos casos de raiva em cães e gatos, tornando a enfermidade praticamente eliminada dos centros urbanos do país. Consequentemente, caiu também a ocorrência de casos humanos por transmissão dessas espécies.
Sintomas
O período conhecido como “raiva furiosa” é a primeira fase. Com duração de 1 a 4 dias, ela costuma causar alterações de comportamento no cão, como:
- Excitação;
- Agressividade;
- Medo;
- Depressão;
- Ansiedade,
- Demência.
Após a fase furiosa, tem início a chamada “raiva paralítica”, na qual se acentuam os sintomas neurológicos, como:
- Dificuldade de engolir;
- Salivação;
- Falta de coordenação dos membros,
- Paralisia.
A raiva é evolui muito rapidamente. Quando chega à segunda fase, o cachorro geralmente vai a óbito em 48 horas.
Entrevista com a especialista
Em entrevista à Revista A Lavoura, a médica veterinária, Andrea Bassi Ferreira, responde algumas das principais dúvidas em relação à doença.
A Lavoura: A raiva é uma das zoonoses mais letais para cães e gatos? Como essa doença se manifesta nestes animais?
Andrea Ferreira: Sim, a raiva é a zoonose mais letal para cães e gatos. Os cães e gatos se infectam através de arranhadura e mordedura por outros animais domésticos ou silvestres (especialmente morcegos) contaminados.
A Lavoura: Qual a origem da raiva?
Andrea Ferreira: A raiva é considerada a zoonose mais antiga que se tem conhecimento, existindo há mais de 4 mil anos. É causada por um vírus que acomete mamíferos domésticos e selvagens.
A Lavoura: Quais as principais formas de prevenção?
Andrea Ferreira: A principal forma de prevenção é a vacina.
A Lavoura: Quando deve ser realizada a vacinação em cães e gatos?
Andrea Ferreira: A vacinação de cães e gatos a partir de 3 meses de idade é bastante eficaz e eles devem ser revacinados anualmente.
A Lavoura: Quais os principais sintomas da doença?
Andrea Ferreira: Os sintomas variam de acordo com a fase da doença, e o animal pode apresentar mudança de comportamento (principalmente, agressividade e agitação; fotofobia (que é a aversão a luz – ele procura locais escuros para ficar); perda de apetite; salivação excessiva; mudança no latido; convulsões e paralisia. 100% dos animais evoluem rapidamente para o óbito.
A Lavoura: Em caso de infecção, como deve ser feito o tratamento?
Andrea Ferreira: Há protocolos experimentais em desenvolvimento para o tratamento da raiva em humanos, mas não há tratamentos disponíveis para cães e gatos. Animais com sintomas compatíveis devem ser mantidos em isolamento e com a evolução dos sintomas, submetidos à eutanásia.