Período exige preparo para enfrentar as mudanças comportamentais do pet (Foto: Divulgação)
Estudo realizado por cientistas da Universidade de Nottingham e Newcastle, na Inglaterra, comprovou que as mudanças comportamentais durante a adolescência não são uma exclusividade dos seres humanos, os cães também passam por essa fase.
Os adolescentes caninos podem exibir comportamentos desafiadores mostrando-se menos interessados em seguir os comandos dos tutores e agindo de forma mais impulsiva por conta das transformações relacionadas às questões hormonais.
Conforme explica a médica veterinária e gerente de produto da unidade de animais de companhia da Ceva Saúde Animal, Marina Tiba, o cérebro do animal ainda está em formação nessa fase, e como os circuitos de dopamina estão altamente ativos, isso faz com que eles sejam influenciados pela recompensa imediata sendo menos racionais. “Além disso, os hormônios da puberdade deixam os sentidos do animal mais aguçados, e o cérebro precisa trabalhar mais para acompanhar o desenvolvimento do pet”, informa.
A especialista destaca que as mudanças comportamentais costumam ser facilmente notadas pelos tutores. Os machos, por exemplo, podem passar a ter comportamento de demarcação territorial, fazendo xixi em locais antes evitados para marcar seu espaço.
“Já as fêmeas, podem apresentar agressividade. Além disso, os machos podem se tornar mais teimosos, independentes e menos receptivos aos comandos. Comportamentos como mastigação de objetos, escavação e vocalização excessiva também podem surgir durante esse período”, detalha Marina.
O que fazer
Para auxiliar os tutores a lidar com essa fase turbulenta, ela cita algumas dicas que podem fazer com que esse período seja mais tranquilo. “Durante a adolescência, os cães passam por mudanças hormonais e físicas significativas. Eles podem se tornar mais teimosos, desafiadores e até mesmo mais impulsivos em comparação com quando eram filhotes. Estar preparado para enfrentar essas mudanças e ajustar a abordagem de treinamento, conforme necessário, é indispensável nesse período”, orienta.
Manter a consistência e criar rotina é outra dica para fundamental lidar com cães. Para Marina, é necessário estabelecer regras claras desde o início e mantê-las. Se o tutor permitir um comportamento em um dia e repreender o pet no próximo, o cão ficará confuso e pode desenvolver comportamentos indesejados.
Cães adolescentes geralmente têm muita energia para gastar, então, proporcionar atividades físicas adequadas – como caminhadas, corridas e brincadeiras ao ar livre – são ótimas maneiras de manter o pet ativo e gastando energia. “Além disso, o tutor pode estimular o animal com brinquedos que desafiem sua inteligência, como jogos de encaixe e quebra-cabeças de comida”, acrescenta.
A socialização, conforme destaca a especialista, é indispensável para os cães durante toda a vida, mas é especialmente importante durante a adolescência e expor o cão a uma variedade de pessoas, animais e ambientes para ajudá-lo a se tornar confiante e sociável.
Bem-estar
Outra sugestão é a utilização de feromônios para o bem-estar do pet, uma vez que essas são substâncias espécie-específicas naturais liberadas pelos animais para a comunicação entre indivíduos da mesma espécie.
“No mercado, é possível encontrar opções que ajudam os cães a lidarem com situações desafiadoras. Esses produtos são análogos aos feromônios maternos e proporcionam a sensação de segurança, conforto e bem-estar ao cão em situações de estresse, indica.
Ser paciente também é importante, pois os contratempos fazem parte da adolescência canina e o tutor deve lembrar-se que esse também é um período desafiador para o pet. Se o cão desenvolver comportamentos indesejados, como mastigar móveis ou fazer xixi dentro de casa, o tutor deve redirecionar o comportamento para algo apropriado e continuar sendo consistente e paciente.
Ela ressalta também que é importante buscar orientação profissional para lidar com esse período. No caso, o veterinário poderá fornecer informação ao tutor, de forma personalizada, além de avaliar de perto o desenvolvimento do animal.
Por fim ela Marina comenta que lidar com a adolescência dos cães pode ser desafiador, mas também é uma oportunidade para fortalecer o vínculo entre o tutor e o pet. “Com paciência, compreensão, técnicas adequadas de treinamento e o uso de feromônios, é possível vivenciar essa fase com harmonia e bem-estar”, conclui a veterinária.