O Pará, maior produtor de pimenta-do-reino do país, começa a substituir os pimentais por cacaueiros. Bastante valorizada pelo mercado internacional no passado, a pimenta-do-reino foi uma valiosa fonte de renda para as famílias de imigrantes japoneses que chegaram ao estado há 80 anos. A partir da década de 70, entretanto, os pimentais começaram a ser acometidos pela Fusariose, doença que dizima a plantação e ainda não tem cura.
Por conta disso, agricultores do Pará, estão intercalando a lavoura de pimenta-do-reino com o cultivo do cacau que tem crescido expressivamente em todo o Pará. Hoje, o Estado é um dos maiores produtores de pimenta do Brasil, é também de cacau.
Para ser cultivado, o cacau necessita de sombreamento oferecido por espécies de porte alto e de matéria orgânica, características que fazem dele uma espécie ecologicamente correta e possibilita o plantio consorciado. Com isso, os agricultores de Tomé-Açu puderam abandonar a monocultura e implantar o Sistema Agroflorestal, que combina o cultivo de espécies frutíferas com espécies florestais, proporcionando maior biodiversidade. Isso os torna menos vulneráveis à Fusariose que, instalada, compromete a viabilidade econômica da propriedade.
A fazenda de Michinori Konagano é um exemplo bem sucedido de plantio consorciado. Ele tinha apenas dois anos, quando chegou com sua família do Japão, para plantar pimenta-do-reino no Norte do país. A exemplo de seu pai, Michinori ainda cultiva pimenta-do-reino, mas hoje a produção de cacau de sua propriedade equivale à da pimenta, 50 toneladas ao ano. Além disso, ele introduziu o cultivo de cupuaçu, laranja, coco, banana, mogno e castanheira. “A produção de cacau deve ultrapassar à de pimenta-do-reino no próximo ano e hoje já consigo produzir mais de 20 espécies. Acho que encontramos a solução para recuperar as áreas alteradas pela agricultura”, afirma Michinori com orgulho.
Essa forma de produzir, o chamado Sistema Agroflorestal, ainda contribui para a proteção dos recursos hídricos, redução no uso de agrotóxico, aumento da qualidade nutritiva dos alimentos e menor erosão do solo. Quase todos os produtores de Tomé-Açu já aderiram ao Sistema Agroflorestal, tornando o município referência internacional em termos de agricultura sustentável.