Implantado nos municípios de Campos Novos, Itaiópolis, São Joaquim, São Miguel do Oeste, Urussanga, Vidal Ramos e Videira, além da capital Florianópolis (SC), o método de “transferência de larvas” para criar novas abelhas rainhas foi escolhido para integrar a plataforma de Boas Práticas para o Desenvolvimento Sustentável, mantido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU).
O Estado de Santa Catarina é o terceiro maior produtor nacional de mel, com aproximadamente dez mil apicultores envolvidos na atividade. Entretanto, até o ano de 2012, foram notados baixos índices de produtividade em comparação ao potencial existente naquela região.
A média da apicultura catarinense chegava a 12,5 quilos por colmeia por ano. Esse desempenho estava bem abaixo da média nacional, que era de 18 kg/ colmeia/ano, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, de 2012).
O início
O trabalho dos técnicos da Epagri, junto aos apicultores locais, buscava vencer alguns desafios imprescindíveis para a atividade apícola, como a baixa produtividade de mel em SC e o manejo inadequado das colônias.
Para executá-lo, foram instalados oito apiários de seleção regional, em diferentes cidades catarinenses, onde as colônias foram selecionadas pela observação das características e do comportamento das abelhas. Seu objetivo era identificar certos atributos desses insetos, como a resistência a doenças e parasitas, além da alta produtividade de mel.
A partir daí, profissionais da Epagri selecionaram 96 colônias, que passaram por uma avaliação técnica, durante duas safras apícolas. Naquela ocasião, foram avaliadas a produtividade do mel, o comportamento higiênico e a maior resistência ao ácaro Varroa destructor.
Transferência de larvas
As colônias que se destacaram foram selecionadas e reproduzidas na Estação Experimental da Epagri em Videira (EEV), para uma avaliação nas safras seguintes. A reprodução desse material foi feita a partir da transferência de larvas.
“Esse método permite eleger as colônias que darão origem às rainhas e determinar a qualidade delas, uma vez que é possível selecionar as que apresentam melhores características morfológicas, como peso e tamanho ao nascer”, explica Tânia Schafaschek, pesquisadora da Epagri.
A instituição forneceu rainhas selecionadas para um grupo de apicultores e iniciou o acompanhamento dos apiários nas propriedades rurais participantes. Os apicultores, por sua vez, foram capacitados e incentivados a produzirem suas próprias abelhas rainhas. Cerca de 50 deles aderiram à tecnologia, mas esse número vem aumentando gradativamente.
Atuação
O projeto tem atuação em todo o Estado de Santa Catarina, com ênfase no Planalto Norte e no Meio Oeste. Conforme a Epagri, os resultados já podem ser observados no incremento de oito toneladas de mel por safra, o que significa um aumento de 30% da produção, além da melhoria sanitária dos apiários, com redução de até 43% na infestação pelo ácaro Varroa destructor em abelhas adultas.
Outro desempenho importante está relacionado à renda por colmeia, que cresceu cerca de cem reais por safra. “Além disso, esse sistema fornece condições para a criação de um novo segmento de geração de renda para a agricultura familiar: a produção de rainhas”, garante a pesquisadora Tânia Schafaschek.
Plataforma
A plataforma de Boas Práticas para o Desenvolvimento Sustentável é um espaço digital, criado pela FAO, para disseminação e compartilhamento de iniciativas replicáveis de boas práticas no campo.
O conteúdo, já disponível em português, será posteriormente traduzido para inglês, espanhol e francês. Essa é a 12ª tecnologia da Epagri incluída na plataforma.
Para mais detalhes, acesse http://ow.ly/UGjj30iZQ6U (link encurtado).
Fonte: Epagri