Produtos foram feitos por indígenas Bakairi através de princípios de floresta em pé e práticas agroecológicas
O resultado da produção de algodão orgânico colorido pelas mulheres indígenas Bakairi nos municípios de Paranatinga e Planalto da Serra (Mato Grosso) foi parar na exposição “Brasil cria moda para o amanhã – Brazil Creating Fashion for tomorrow”, na Embaixada do Brasil, em Londres, em setembro. O evento fez parte da programação do London Fashion Week.
Esse trabalho envolvendo os indígenas vem sendo desenvolvido desde novembro de 2021 pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) por meio do projeto Aldeia Sustentável que envolve também a Secretaria de Estado Agricultura Familiar (Seaf), no bioma Cerrado.
Em Londres, denominada de “Ancestral Future”, a instalação montada na Embaixada brasileira contou histórias por trás de materiais que fazem parte da biodiversidade e da cultura regional do país – celebrando a ancestralidade para reimaginar maneiras de tecer o futuro.
A FARFARM e a Fibershed Brasil apresentaram uma seleção de fibras tecidas na cultura brasileira: buriti, caroá, algodão, curauá, sisal e tucum cultivados e processados através de princípios de floresta em pé e práticas agroecológicas, em três dos seis biomas brasileiros.
Qualidade nas peças
Na prática, a Empaer presta assistência técnica às indígenas no fomento da produção de sementes de algodão orgânico colorido e auxilia na melhoria da qualidade das peças produzidas e comercializadas.
O técnico da Empaer José Carlos Pinheiro da Silva explicou que as variedades agroecológicas foram melhoradas, adaptadas ao clima e solo da região, mais produtivas, de porte baixo, resistente a pragas e doenças se comparado com a atualmente cultivada o arbóreo tradicional crioula.
“O algodão orgânico colorido cresce como árvore. Na região, as mulheres indígenas já produziam redes, tapetes e outros artesanatos”, afirmou.
A FARFARM cria cadeias produtivas que regeneram a natureza, promovem o desenvolvimento social e contam histórias.
Conectado empresas e fundos de desenvolvimento sustentável com comunidades produtoras de pequena escala, incluindo familiares agricultores, oferecendo capacitação, assistência técnica e implementação de sistemas regenerativos para a produção de fibras têxteis.
Já a Fibershed Brasil é uma organização sem fins lucrativos que visa conectar, desenvolver e melhorar as cadeias têxteis locais no contexto solo-solo da economia circular.
Por meio de ferramentas educacionais e de uma abordagem colaborativa não competitiva, pretende capacitar e divulgar a diversidade de fibras naturais do Brasil e as comunidades envolvidas em cada processo.