Frutinho verde, pouco conhecido do consumidor e que já esteve muito perto da extinção, o cambuci agora é o grande responsável pela geração de renda de pequenos agricultores e pela conservação de florestas nativas na Região da Serra do Mar, em São Paulo
O cambuci ou cambucizeiro é uma árvore frutífera que quase foi extinta por ter sido fortemente explorada, por conta da sua madeira de excelente qualidade. Mas, agora já não corre mais esse risco. Após a descoberta do seu potencial econômico, a fruta serve de base para produtos como geleias, sorvetes, sucos, licores, maceração em bebidas alcoólicas, entre outros.
Este ano, a safra de cambuci tem potencial de fechar em até 100 toneladas. Dessas, cerca de 35 toneladas produzidas por 12 agricultores orgânicos serão destinadas a AgroAsmussen, uma das principais beneficiadoras da fruta.
Fundada pela dinamarquesa Camilla Asmussen e seu marido, Michael Asmussen, em Natividade da Serra, região do Alto Paraíba, São Paulo, a empresa iniciou as atividades vendendo apenas o fruto congelado.
“Como o fruto é pouco conhecido, era necessário fazer um trabalho de aplicação e levar produto já processado ao mercado. Construímos uma agroindústria para fazer processamento do fruto Cambuci, daí nasceu a AgroAsmussen, que hoje tem Alvará Sanitário pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e possui certificado “Orgânico” por auditoria da IBD”, conta Camilla.
Linha de produtos
Atualmente, a linha de produtos orgânicos de Cambuci da AgroAsmussen é composta por: Chutney de Orgânico Cambuci, Geléia Orgânica de Cambuci com Banana, Xarope Orgânico de Cambuci, Caramelo Orgânico de Cambuci e a Polpa Orgânica de Cambuci.
Todos esse produtos estão disponíveis no site www.agroasmussen.com, assim como em lojas físicas que revendem os produtos.
Pouco conhecido
O cambuci, tal qual o açaí há anos atrás, é um fruto pouco conhecido do público em geral. Uma das iniciativas é estimular o consumidor a incluí-lo em sua culinária do dia a dia.
“Estamos na campanha de incentivo ao consumo do fruto cambuci, nativo da Mata Atlântica. Este alimento deverá fazer parte da mesa do brasileiro num curto prazo, pois as safras estão cada vez maiores em função da preservação do fruto e cultivo em áreas degradadas”, afirma Camilla.
Ela explica que a próxima safra que inicia em fevereiro 2020 deverá ser recorde, então a campanha está tentando criar a cultura de consumo do alimento, estimulando a incorporação do fruto nos hábitos alimentares dos brasileiros.
Para tanto, a Asmussen está garimpando receitas atraentes, de fácil elaboração e buscando divulgá-las nas redes sociais da empresa.
Rota do Cambuci
Combinando festivais gastronômicos, produção sustentável, roteiros turísticos e uma rede de pesquisadores, a Rota do Cambuci é um empreendimento do Instituto Auá em parceria com uma dezena de municípios da região da Serra do Mar, São Paulo.
O projeto representa uma grande oportunidade para o resgate da cultura em torno do fruto nativo, a produção agroecológica e o comércio justo. Atualmente, a iniciativa também conta com 30 mulheres que produzem o cambuci, ajudando na geração de renda das famílias locais.
“Um único pé de cambuci em nosso quintal chega a produzir até 200 quilos por ano, mas tínhamos que enterrar para não atrair bichos, pois não sabíamos o que fazer. Fui ficando inconformada, pesquisei na Internet e descobri a Rota do Cambuci. Hoje me sinto feliz e realizada, conheço novas pessoas a cada festival e dei uma guinada na vida”, conta Cleuza Pires, uma das produtoras da Rota do Cambuci.
Indicação Geográfica
O Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Campus Suzano, lançou o projeto de Indicação Geográfica do Cambuci junto com o Instituto AUÁ e os produtores da Rota do Cambuci, reconhecendo todo o papel que este fruto nativo pode ter para a identidade da região da Serra do Mar.
“O fato de ser nativo da Mata Atlântica, daqui de São Paulo, e possuir características típicas para colheita, além de qualidades essenciais como aroma, sabor, textura, firmeza e cor, habilitam o Cambuci para este importante registro”, diz Vanessa Aparecida Soares, pesquisadora do IFSP, Campus Suzano.
Fontes: Instituto Auá e AgroAsmussen