A BRS Paranoá destaca-se pela alta resistência ao complexo de bactérias e fungos causadores da queima-das-folhas, doença que está entre os fatores mais limitantes para o cultivo de cenoura no Brasil
A primeira cultivar de cenoura do mercado nacional desenvolvida e recomendada para o sistema orgânico de produção, a cenoura BRS Paranoá, foi lançada nesta terça-feira (7), na edição desse ano da AgroBrasília, que acontece de 06 a 10 de julho, em uma plataforma digital.
Desenvolvida pelo programa de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças (Brasília/DF), a cenoura BRS Paranoá possui alta resistência à queima-das-folhas, principal doença que afeta a cultura nas regiões produtoras do Brasil. Ela é recomendada para plantio no período do verão, época com condições mais adversas para o plantio da raiz e entressafra das cultivares convencionais plantadas no inverno, o que abre uma janela valiosa de mercado.
“A cenoura BRS Paranoá foi validada nas condições ambientais do Distrito Federal, tendo se mostrado muito produtiva e estável”, informa o agrônomo e pesquisador Agnaldo Carvalho. Em um ensaio comparativo com outras três cultivares bastante plantadas por produtores orgânicos, a cenoura BRS Paranoá obteve uma produtividade média de 32,3 toneladas por hectare, mais de 3 t/ha à frente da segunda colocada na avaliação.
Segundo Carvalho, o lançamento da cultivar em um evento com o porte da AgroBrasília é uma ótima oportunidade para apresentar ao setor produtivo a nova cultivar, especialmente se considerar a particularidade do Distrito Federal e entorno, uma região que concentra muitos produtores orgânicos de cenoura. “No formato digital, teremos a chance de expandir essa divulgação para agricultores de outras regiões do país que, muito provavelmente, não visitariam presencialmente a feira”, pondera.
Alta resistência e menor custo de produção
A BRS Paranoá destaca-se pela alta resistência ao complexo de bactérias e fungos causadores da queima-das-folhas, doença que está entre os fatores mais limitantes para o cultivo de cenoura no Brasil.
“O índice de desfolha da cultivar BRS Paranoá por doenças foliares fica abaixo de 10%, mesmo sem nenhuma aplicação de produtos para o controle da doença. Ela é uma opção bastante atraente para o produtor de cenoura, com reflexos nos custos de produção e na qualidade das raízes”, argumenta Carvalho.
Mesmo diante de temperatura elevada e excesso de chuvas, condições típicas do verão, as raízes atingem o tamanho comercial desejável no momento da colheita, sem destruição da área foliar. “Mesmo nos cenários mais desfavoráveis, o desfolhamento da cenoura BRS Paranoá permanece inferior a 10%, enquanto outras variedades comerciais próprias para o período do verão podem atingir um índice de desfolha de até 40%”, quantifica.
A cenoura BRS Paranoá atinge os mesmos patamares de produtividade e suporta a queima-das-folhas sem a necessidade de utilizar qualquer defensivo agrícola. “Ela alcança o período da colheita aos 90 dias após a semeadura, com desfolhação mínima e zero fungicida, diferentemente dos híbridos convencionais, cuja produção só é possível com a utilização de pesticidas”, compara o pesquisador.
Ele acrescenta que o setor produtivo vivencia um momento interessante para a rastreabilidade de produtos agrícolas, o que deve ser um impulso importante para toda a cadeia produtiva buscar a redução de agroquímicos e a adoção de cultivares que apresentem bons resultados em sistemas mais sustentáveis.