Município é um dos maiores produtores paranaense da planta cujo fruto tem propriedades como condimento e corante
No começo dos anos 1980 o urucum foi introduzido no município de Paranacity, que se tornou um dos principais produtores do Paraná e hoje é conhecido como a “Capital do Urucum”. De olho no potencial da cultura, um grupo de produtores está trabalhando para que o município seja reconhecido junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com a Indicação Geográfica (IG), como referência no cultivo do fruto.
A iniciativa é da Associação dos Produtores de Urucum de Paranacity (Aprucity), formada por 42 membros, em parceria com a Prefeitura de Paranacity, o Sebrae Paraná, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-PR) e Sindicato Rural do município. Atualmente, o objetivo é busca a sensibilização dos agricultores para o fortalecimento do processo associativo.
A IG pleiteada pelos agricultores é por Indicação de Procedência (IP) que reconhece o município por ser origem geográfica conhecida como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto, no caso, o urucum.
“Paranacity é um município que tem tradição na produção do fruto, se destaca como um dos maiores produtores do Paraná e que tem potencial para agregar valor ao produto”, ressalta o consultor do Sebrae Paraná, Luiz Carlos da Silva. “A ideia é estimular a retomada das atividades da associação, que sofreu um hiato durante a pandemia. Em setembro, por exemplo, teremos um encontro estadual do urucum.
O urucum, cujo pó das sementes é popularmente chamado de colorau ou colorífico, tem propriedades condimentares e tintoriais. É utilizado como tempero, como corante natural na indústria alimentícia, na indústria cosmética, têxtil, entre outras possibilidades. A maior parte do cultivo de Paranacity é beneficiada em São Paulo, de onde é enviada para o mercado interno e externo.
Pioneirismo
Pioneiro na produção, João Trindade Lopes, 82 anos, plantou o primeiro pé de urucum no município em 1981. Hoje, aos 82 anos. A família tem 51 alqueires dedicados à produção do fruto, que é enviada para São Paulo e para alguns Estados do Nordeste. Para o neto do pioneiro, Victor Salvadego Lopes, a IG ajudará a agregar valor ao produto.
“Meu avô conta que ninguém sabia como cultivar quando ele começou. Fez mudas, usou muita mão de obra e, com o passar dos anos, estabeleceu a cultura que se disseminou na região”, conta Victor Lopes. “Hoje a colheita é semi mecanizada. Com a IG, esperamos atrair novos compradores.”
Essa também é a expectativa do prefeito, Junior Cocco. Produtor de urucum, ele acredita que há potencial para que a produção no município deve aumentar. “Poderemos fortalecer a tradição de Paranacity na cultura do urucum, ampliar a produção e mercados”, diz.
A cultura
Segundo André Luiz Moron, do Departamento Municipal de Agricultura de Paranacity, as lavouras se desenvolveram bem no município, que conta com cerca de 600 hectares de urucum, sendo, em sua maioria, cultivados por produtores de pequeno porte. A produção anual gira entre 600 e 700 toneladas. “Acreditamos que através da IG teremos ganhos econômicos, além de marcar o município como referência por meio de um processo formal”, afirma Moron.
Segundo o técnico em agropecuária extensionista do IDR Paraná, Izac de Souza Ferreira, vários estados são produtores, como São Paulo, Bahia, Rondônia, Mato Grosso do Sul, entre outros, mas o urucum de Paranacity se destaca pelo teor de bixina, o principal pigmento presente nas sementes, graças a características como tipo de solo, melhoria em técnicas de produção, clima e a predominância da variedade Piave (árvore com média de dois metros de altura).
“Em cultivares comuns, que vêm perdendo espaço, o teor de bixina é entre 2% e no máximo 3%. Já na variedade Piave, o teor vai de 3% a 5,7%, o que significa maior potencial de coloração”, compara Ferreira.
O processo para a conquista da Indicação Geográfica é conduzido pela consultoria Viva Soluções. São diversos passos antes de protocolar no INPI o pedido para a distinção do produto. Em uma etapa mais avançada antes do pedido, os produtores vão desenvolver um caderno de especificações, que é uma cartilha com as técnicas de produção para que se obtenha um produto com qualidade uniforme e assegurada.