Documento elaborado pela Embrapa aborda tecnologias para a vitivinicultura e para a estruturação do selo
O histórico e a trajetória que levou ao reconhecimento da Indicação de Procedência (IP) para os vinhos da Campanha Gaúcha, concedida em 2020, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), são apresentados na publicação técnica da Embrapa Uva e Vinho. A obra marca o encerramento do projeto no qual foram geradas informações técnicas que possibilitaram a outorga da certificação dessa região.
O documento “Vinhos finos da região da Campanha gaúcha: tecnologias para a vitivinicultura e para a estruturação de Indicação Geográfica” foi entregue oficialmente na primeira assembleia da Associação de Produtores dos Vinhos Finos da Campanha Gaúcha (Vinhos da Campanha Gaúcha) deste ano, realizada dia 23 de março.
A obra é dividida em nove capítulos que apresentam a caracterização da região, o contexto inicial e os trabalhos desenvolvidos por um grande número de instituições e pesquisadores nas áreas de direito, ecologia, fisiologia da videira, fitopatologia, entomologia, solos, enologia, análise sensorial, climatologia, geotecnologias, entre outras.
Também relata o desenvolvimento obtido, servindo de referência e subsídio ao fomento da vitivinicultura da região com base no conceito da importância de projetos estruturantes para embasar as indicações geográficas. Segundo os pesquisadores, os resultados do projeto contribuíram para avançar no conhecimento e produzir novas tecnologias adaptadas ao ambiente geográfico particular da Campanha Gaúcha.
“Reconhecemos a Campanha Gaúcha como uma das principais regiões de produção de vinhos finos do Brasil e ficamos muito felizes por ter participado da construção desta Indicação, desde o seu início”, comemorou o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Marcos Botton, no encontro virtual.
Participação
Botton relembrou a participação da empresa de pesquisa na iniciativa desde o início de 2000, a partir dos Seminários de Vitivinicultura da Metade Sul, em conjunto com o Comitê de Fruticultura da Metade Sul, até o que considerou o ‘grande salto’, em 2011, com a aprovação do Projeto de cooperação com a Rede de Centros de Inovação em Vitivinicultura (Recivitis), mantida pelo convênio entre o Sibratec, Financiadora de Estudose Projetos (Finep) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), para o desenvolvimento da Indicação de Procedência.
“A Embrapa coordenou de ponta a ponta esse trabalho, que também teve a participação de outras instituições, mas a Embrapa foi a grande protagonista, foi lá e fez”, destacou Valter José Pötter, atual presidente da Associação de Produtores dos Vinhos Finos da Campanha Gaúcha.
A apresentação foi realizada por José Fernando da Silva Protas, que juntamente com Samar Velho da Silveira, ambos pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho, foram responsáveis pela edição do material. “Essa obra documenta o projeto conduzido desde 2013 e que demandou cerca de um milhão e oitocentos mil reais na sua execução”, disse Protas.
Produção certificada
Giovâni Silveira Peres, diretor do Conselho Regulador da Indicação Geográfica junto à Associação, destacou a importância da Indicação, ressaltando a rapidez e o volume de vinhos já certificados disponibilizados para o mercado. “A concessão aconteceu em maio de 2020 e já em outubro do mesmo ano realizamos a primeira análise sensorial, avaliando 90 vinhos”, contou o executivo.
Segundo Peres, os vinhos certificados chegaram ao mercado em dezembro de 2020. “No primeiro ano foram cerca de 1,5 milhões de litros, e, em quase dois anos, quatro milhões de litros foram disponibilizados com o selo que atesta a origem e a qualidade dos vinhos produzidos na Campanha Gaúcha”, relatou.
Na avaliação de Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e especialista no tema das Indicações Geográficas,”esses dados comprovam a importância da propriedade intelectual como instrumento de desenvolvimento, materializado na mobilização dos produtores na utilização deste conceito inovador que promove este emergente território do vinho”.
A publicação está disponível gratuitamente na página da Embrapa Uva e Vinho.