Selo de Denominação de Origem pode ser aplicado aos produtos 20 municípios dessa região
A Erva-Mate do Planalto Norte Catarinense ganhou o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) de Denominação de Origem. Este é o primeiro registro na espécie Denominação de Origem para o produto erva-mate. O reconhecimento foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), dia 14 deste mês.
O processo para o registro da Erva-Mate do Planalto Norte Catarinense contou com apoio financeiro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio de convênio, além de apoio técnico por mais de 10 anos.
No total, a área geográfica engloba 20 municípios catarinenses. Os produtores poderão aplicar em seus produtos um Selo representativo da cultura, bem como os Selos Brasileiros de IG, criados em 2021.
O sombreamento proporciona à erva-mate do Planalto Norte Catarinense maiores teores de cafeína. Foto: Mapa
O outro registro para esse produto é na modalidade Indicação de Procedência, destinado à Erva-Mate de São Matheus, no Paraná, em 2017. O total de Indicações Geográficas chega a 99, sendo 68 Indicações de Procedência (IP), todas nacionais, e 31 Denominações de Origem (DO), das quais 22 são nacionais e nove, estrangeiras.
O cultivo
A Erva-Mate do Planalto Norte Catarinense é cultivada em ambiente de sombra esparsa junto à Mata de Araucária. O produto é constituído por folhas e ramos da erva-mate (Ilex paraguariensis), em sua maioria proveniente de ervais nativos, sem a presença de espécies exóticas e insumos químicos.
Além da sombra proporcionada à erva-mate, a Mata de Araucária tem papel fundamental durante o inverno, no qual o estrato arbóreo constitui uma barreira contra as perdas de radiação e os ventos frios, contribuindo para a conservação de calor no solo e no ar, mantendo a umidade necessária aos ervais.
Produção à sombra das araucárias é um dos diferenciais da erva-mate do Planalto Norte Catarinense. Foto: Aires Mariga / Epagri
A região apresenta a menor insolação anual no Estado de Santa Catarina, o que garante à erva-mate um ambiente menos ensolarado. Tal sombreamento proporciona à erva-mate do Planalto Norte Catarinense maiores teores de cafeína, conforme evidenciaram estudos de caracterização química do produto, provenientes de municípios da área delimitada.
Segundo o engenheiro-agrônomo, extensionista da gerência Regional da Epagri em Canoinhas e gestor do projeto de certificação da erva-mate do Planalto Norte, Gilberto Neppel, o registro comunica ao mundo que uma certa região se especializou e tem capacidade de produzir um artigo diferenciado e de excelência, que é o caso da erva-mate catarinense.
Características
De acordo com a documentação apresentada no processo da Denominação de Origem, a análise sensorial da erva-mate do Planalto Norte Catarinense, realizada por um painel de especialistas, mostrou que, quando comparada às ervas-mate do Paraná, Rio Grande do Sul e da Argentina, a primeira apresentou maior brilho e um verde mais intenso na erva seca triturada. Além disso, a cor verde da infusão da erva-mate do Planalto Norte Catarinense foi superior.
A erva-mate da região possui características diferenciadas. Foto: Faesc/Senar
Quanto aos atributos de doçura e amargor, a Erva-Mate do Planalto Norte Catarinense apresentou maior nível de doçura e menor amargor, quando comparada às amostras das outras regiões mencionadas, resultando em sabor suave específico e mais valorizado no mercado, ainda segundo a documentação no processo.
Os métodos de colheita e trituração, bem como o preparo da infusão de erva-mate, sofreram forte influência de diferentes povos. Desde o saber fazer atual da colheita, passando pelo sapeco e cancheamento (moagem), até o modo de preparo para consumo, somaram-se contribuições históricas dos povos indígenas, dos caboclos e dos tropeiros, que introduziram um instrumento chamado ouriço no processo de cancheamento; além da influência dos imigrantes europeus, que se incorporaram à atividade ervateira na floresta.
