INPI tem até dois anos para examinar a documentação e determinar a concessão da IG
Broa com carne bovina magra moída, cebola branca e cebolinha verde picadinhas, temperadas com azeite extravirgem, sal e pimenta-do-reino. Esta é a receita da famosa Carne de Onça, prato típico e um dos mais consumidos em botecos e restaurantes de Curitiba.
Entretanto, além de ser famosa na capital do Paraná, a iguaria já tem relevância internacional e, recentemente entrou para o ranking dos melhores pratos de carne crua do mundo, ocupando a 10ª posição da lista, ao lado de pratos como yukhoe, da Coreia do Sul (1º), carpaccio, da Itália (2º), mett ou hackepeter, da Alemanha (3º) e o steak tartare, da França (4º).
Por ter fama e fazer parte da cultura e história da cidade, a Carne de Onça de Curitiba teve pedido de reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) protocolado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), na modalidade Indicação de Procedência.
A busca pelo reconhecimento se tornou notória por conta da importância da localidade na produção, valorizando suas tradições, história e cultura. “Nossa região possui uma riqueza étnica abundante, com pratos diferenciados e consolidados. É um privilégio para o Sebrae/PR apoiar os empresários na busca do que realmente precisava ser protegido”, afirma a consultora do Sebrae/PR, Márcia Giubertoni.
Segundo ela, o engajamento dos empresários locais tem sido um diferencial no processo de busca pela IG da Carne de Onça de Curitiba. Atualmente, de acordo com a Associação Amigos da Onça (AAONÇA), mais de 200 restaurantes curitibanos trabalham com a Carne de Onça.
Processo
A ação do Sebrae/PR, junto da Associação Amigos da Onça, começou em janeiro deste ano, seguindo protocolo e metodologia do INPI. “Realizamos um trabalho conjunto com os empresários, envolvendo aspectos como associativismo, liderança e, claro, caracterização, levantamento da história, e organizando um dossiê com a documentação exigida para a proteção do produto”, relata.
De acordo com a consultora, a conscientização, o conhecimento e os dados fornecidos pelos empresários facilitou o processo. “Houve um engajamento muito grande, e isso ocorreu de forma rápida, permitindo o depósito no INPI ainda no mesmo ano de início do trabalho”, ressalta.
A Carne de Onça é um prato icônico da capital do Paraná. E agora, com o pedido protocolado, o INPI tem até dois anos para examinar a documentação e determinar a concessão ou não da IG.
A Secretaria de Turismo do Paraná apoiou no processo de estruturação da indicação geográfica espécie indicação de procedência para carne de onça de Curitiba, na elaboração do Instrumento Oficial de Delimitação Geográfica, documento obrigatório solicitado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, ou INPI, que é quem concede registros de indicações geográficas no Brasil.
Segundo Márcia, a expectativa é grande e vale a pena porque todos ganham. “Agora é comemorar e aproveitar, participar dos festivais que Curitiba faz e entregar aos consumidores um produto padronizado e de qualidade, que conte a história da região. Seguimos no processo para que o produto se torne uma IG”, arremata.