Sebrae Paraná e Prefeitura de Guaratuba estão agilizando os documentos e as informações para a solicitação do selo
A ostra de Guaratuba, no litoral do Paraná, deve receber a Indicação Geográfica (IG). A iniciativa é uma parceria do Sebrae Paraná e da Prefeitura de Guaratuba, que uniram esforços e estão realizando ações junto aos produtores para levantar documentos, identificar os cultivos e realizar a estruturação do pedido de IG das ostras para o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) até o fim de 2023.
O Sebrae atuará no processo, com a promoção de ações em diferentes frentes, como o resgate histórico da produção, a elaboração de diagnóstico para avaliar o potencial de IG para as ostras, a sensibilização dos parceiros e produtores para o projeto, levantamento e escrituração da história do desenvolvimento do produto, pesquisa e escrituração em fontes históricas com fotografias, desenhos, gravuras e pinturas, além da elaboração de documentos comprobatórios do reconhecimento do território como centro produtor.
Além disso, o Sebrae fará o contato direto com a cadeia produtiva, o que envolve entrevistas e escrituração com produtores e pesquisadores, o levantamento de filmagens de elementos que comprovem o produto e suas características; bem como a identificação de desafios e oportunidades do projeto com os produtores por meio de documentos, sistemas de controle, regulamento de produção, normas, ensaios e testes que existem para a produção.
“A ostra do nosso litoral possui um reconhecimento, o município de Guaratuba já tem essa notoriedade e notamos também essa possibilidade em Guaraqueçaba. Dessa forma, vamos fazer um diagnóstico para validar essa informação e, com base nisso, entendemos que há um cenário positivo para a obtenção do registro de IG”, diz o consultor do Sebrae Paraná, Bruno Gonçalves Valentim de Souza. “Estamos iniciando os trabalhos nos locais e vamos ter o setor produtivo envolvido diretamente.”
Espécie nativa
A ostra da região da Baía de Guaratuba se destaca por ser uma espécie nativa adaptada ao ecossistema e é vista como um ótimo produto por especialistas e consumidores. De acordo com a Associação Guaratubana de Maricultores (Aguamar), em 2021, foram produzidas 1,2 milhão (100 mil dúzias) de ostras, um crescimento em comparação com as 960 mil (80 mil) e 864 mil (72 mil) cultivadas, respectivamente, em 2020 e 2019.
De acordo com o secretário da Pesca e Agricultura de Guaratuba, Cidalgo José Chinasso Filho, a iniciativa do projeto visando à IG da ostra contribuirá para o fortalecimento da comercialização local.
“As expectativas são otimistas, pois já temos o reconhecimento no que se refere ao sabor da ostra de Guaratuba, e esta iniciativa certamente alavancará a produção, fomentando a economia local”, ressalta o secretário. “Ela tem um diferencial das demais, por causa da excelente qualidade da água em nossa baía”, acrescenta.
Segundo a Aguamar, 20 famílias estão ligadas à produção de ostras, sendo dez ativas. Um dos produtores da região é Nereu de Oliveira, que começou na atividade em 2003 e atualmente cultiva cerca de 60 mil ostras (cinco mil dúzias) por ano, que são comercializadas para o público e também utilizadas em seu restaurante, o Sítio Sambaqui.
No cardápio
“
A ostra nativa, que é a que produzimos, só está nas áreas de manguezal. Ela possui um sabor mais adocicado e uma textura diferenciada. Para quem gosta, isso é um atrativo muito grande. Além disso, pelo fato de estar dentro de áreas de proteção, a água é de boa qualidade e também agrega qualidade ao produto”, comenta Oliveira.
Em seu restaurante, o empreendedor conta que todo o cardápio é especializado em ostras, com 24 opções diferentes. Localizado na região do Cabaraquara, o consumidor que for visitar o estabelecimento pode ainda andar por uma passarela próxima do manguezal, onde é realizada a produção.
Oliveira celebra a busca pela IG. “Acredito que isso pode alavancar e valorizar o produto, até porque já temos pesquisas que identificaram que as pessoas conhecem a ostra da região e que estão acostumadas a viajar. Acredito que o público vai ter ainda mais olhos para a nossa ostra, isso pode agregar valor e desenvolver a comunidade como um todo”, completa.
IGs paranaenses
O Paraná possui, ao todo, nove produtos paranaenses com o registro de IG. São eles: a Bala de Banana de Antonina, Melado de Capanema, Goiaba de Carlópolis, Queijo de Witmarsum, Uvas de Marialva, Café do Norte Pioneiro, Mel do Oeste, Mel de Ortigueira, Erva-mate São Matheus, do Sul do Paraná.
Outros cinco produtos aguardam receber a certificação do INPI, como os Vinhos de Bituruna, Barreado do Litoral do Paraná, Farinha de Mandioca do Litoral do Paraná, Cachaça de Morretes e Morango do Norte Pioneiro.
A Indicação Geográfica (IG) é importante para os pequenos negócios e produtores, pois é considerada um diferencial competitivo. Além disso, permite a valorização dos produtos tradicionais brasileiros e a herança histórico-cultural, protegendo as regiões produtoras.