A história da Cachaça de Paraty, cidade do litoral sul do Rio de Janeiro e patrimônio cultural e natural da humanidade, se confunde com a história do País, caracterizando-se pela produção artesanal de origem familiar
Produzida desde o século XVII, a história da Cachaça de Paraty, uma das maiores especialidades nacionais, se entrelaça à história do Brasil Colônia e do Brasil Império. No século XVIII chegou a ser usada como moeda na aquisição de escravos.
Desde aquela época, já era exportada para a Europa e bastante apreciada como aperitivo. Fruto de uma cultura secular e das mais tradicionais do Brasil, a Cachaça de Paraty caracteriza-se pela produção artesanal de origem familiar. Os produtos da Indicação de Procedência (IP), conquistada em 2007, são a Cachaça, a Cachaça Envelhecida, a Cachaça Premium e a Aguardente da cana composta azulada.
Localizada no litoral sul do Rio de Janeiro, Paraty é reconhecida como patrimônio cultural e natural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A cidade possui um clima tropical quente e úmido, com temperaturas anuais que variam de 12°C a 38°C o verão quente e chuvoso com alta umidade relativa do ar, seguido de um inverno frio e seco, faz com que o município reúna condições ideais para o plantio da cana-de-açúcar. As características desse microclima influenciam no comportamento da cultura e no processo de fermentação do mosto, resultando numa bebida destilada diferenciada.
A baía de Paraty possui relevo acidentado da Serra do Mar, composto tanto por montanhas com grandes vales, quanto por planícies com várzeas extensas e férteis, recortadas por diversos rios. Essa abundância de água foi, na era colonial e imperial, o combustível fundamental para girar as rodas d’ água que moem a cana.
Características ideais
A produção obedece às regras do Conselho Regulador da Associação dos Amigos e Produtores de Cachaça de Paraty (Apacap), cuja principal recomendação é para que a cana-de-açúcar seja produzida respeitando-se parâmetros ambientais e sociais.
O sistema de produção dos canaviais deve estar de acordo com as técnicas de plantio, adotando práticas mitigadoras dos impactos ambientais, em especial a reutilização dos subprodutos. Os produtores devem observar o correto ponto de corte da cana e sua moagem até 48 horas após, usar leveduras naturais na fermentação, fazer relatórios anuais de produção, entre outros procedimentos.
Produção artesanal
A produção de Cachaça de Paraty é artesanal e mantém as práticas e a forma de produção tradicionais, mas os alambiques possuem equipamentos modernos. A cachaça produzida é encorpada, com um buquê que lembra o bagaço de cana e sabor agradável, com o ardor característico da cachaça, sem agredir o paladar.
A Indicação Geográfica (IG) contribuiu para dar novo alento à produção de cachaça na região, especialmente porque o roteiro turístico local passou a incluir a visitação aos sete alambiques certificados. A cidade histórica também promove, anualmente, em agosto, o Festival da Cachaça, Cultura e Sabores de Paraty.