Cadeia de montanhas forma o vale onde é cultivada a Banana de Corupá, uma das quatro últimas IGs do recente Mapa das Indicações Geográficas do Brasil 2019
Em um imenso vale cercado de montanhas, onde nasce o Rio Itapocu, é produzida “a banana mais doce do Brasil”. O título, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), foi dado à fruta produzida na região de Corupá, norte do Estado de Santa Catarina.
Ali, as bananeiras são cultivadas em até 600 metros de altitude. Esse fator aliado ao tempo de maduração mais longo, faz com que a banana de Corupá concentre maior quantidade de sais minerais, resultando em um sabor mais adocicado que o comum.
O INPI concedeu o registro de indicação geográfica (IG), na espécie denominação de origem (DO), para o produto “Banana da Região de Corupá”. A IG, que vem sendo buscada desde 2014, foi uma das quatro últimas IGs do recente Mapa das Indicações Geográficas do Brasil 2019 e foi dada em nome da Associação dos Bananicultores da Região de Corupá (Asbanco).
“Esse registro vai nos ajudar e muito, mas não fará milagres. Teremos de trabalhar ainda mais. Assim nos trará mais dinheiro no bolso, se não para nós, mas para nossos netos”, afirma o presidente da associação, Marcos Martini.
Famílias e tradições
A região possui cerca de 900 famílias rurais que se beneficiam da produção das bananas em um ambiente único e inigualável, não apenas pelas peculiaridades de clima e de relevo, mas também pelo “saber fazer”, pelas tradições e culturas locais. A atividade econômica do cultivo de banana é histórica, sendo conduzida por mais de 150 anos com a qualidade “doce por natureza”.
Produzir banana é uma atividade emblemática na região e o produto está presente na agricultura, nas festas e eventos locais, na arquitetura, no artesanato e no lazer.
Com uma área de abrangência de mais de 857 quilômetros quadrados (km2), distribuídos pelos municípios de Schroeder, Jaraguá do Sul, Corupá e São Bento do Sul, todos em Santa Catarina, a Região de Corupá produz a banana do subgrupo Cavendish, que guarda relação com o meio geográfico, apresentando valores de acidez menores em comparação a outras variedades da fruta.
Produtividade
Somente no município de Jaraguá do Sul, dados da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Abastecimento apontam que a banana caturra ocupa área de 1,9 mil hectares, numa produção de 47,5 mil toneladas. A banana prata ocupa 200 hectares, com produção de 3,6 mil toneladas.
“Pesquisadores de universidades e do próprio Sebrae descobriram um microclima aqui. Não só em Corupá, mas nos outros três municípios onde a banana é muito cultivada. Fatores como calor vindo do mar e o frio da Serra de São Bento do Sul contribuem para o sabor diferenciado”, explica Daniel Peach, secretário de desenvolvimento rural de Jaraguá do Sul.
Segundo ele, apenas na Austrália e na África existem regiões com microclimas parecidos, mas que não têm IG.
Valor agregado
Para o secretário de desenvolvimento econômico e turismo do município, Domingos Zancanaro, certificações são indutoras da melhoria da gestão, produção e resultados operacionais das propriedades. Também permitem a venda de um produto diferenciado, que atende a nichos de mercado que primam pela qualidade.
“O ganho com o selo do INPI, que reconhece como banana mais doce a fruta produzida em Corupá e partes de São Bento do Sul, Schroeder e Jaraguá do Sul, possibilita oportunidades para incremento das propriedades rurais e agregação de valor, gerando emprego e renda para a região e contribuindo com o desenvolvimento econômico”, pondera.
Fonte: Secretaria Municipal de Jaraguá do Sul e INPI