O dado, divulgado pelo Cepea, tomou como base o resultado do setor em 2017
Estudo inédito realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepes), da Esalq/USP, em parceria com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), mostra que o PIB da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais movimentou R$ 7,16 bilhões em 2017. Esse resultado equivale a 0,53% do agronegócio brasileiro de 2017 e, quando deflacionado, a preços atuais, é de R$ 9,1 bilhões.
Segundo pesquisadores do Cepea, 2017 foi escolhido como ano-base por se tratar da última divulgação do censo agropecuário – que divulga informações detalhadas sobre as atividades agropecuárias brasileiras que são utilizadas na estimação. A partir de 2017, o PIB da cadeia passou a ser evoluído pelo Cepea/Ibraflor, criando-se uma série histórica que alcança os anos correntes, e se manterá sempre atualizada, a explorada nos próximos relatórios, que serão divulgados no site do Cepea.
Dentro e fora da porteira
O PIB gerado dentro da porteira (na produção de flores e plantas ornamentais) somou R$ 1,67 bilhão em 2017, 23% do total da cadeia. O PIB per capita desse segmento foi estimado em R$ 35,3 mil, 76% superior à média da agropecuária, o que, segundo pesquisadores do Cepea, evidencia a elevada agregação de valor por trabalhador na atividade, que é formada predominantemente por pequenos estabelecimentos familiares e intensiva em tecnologia.
Os segmentos de comércio e serviços pós-porteira (exceto agrosserviços), em conjunto, geraram PIB de R$ 2,19 bilhões (31% do total), sendo R$ 178 milhões no comércio atacadista, R$ 321 milhões nos super e hipermercados, R$ 624 milhões nas floriculturas, R$ 728 milhões nos serviços de decoração e R$ 335 milhões nos serviços de paisagismo e jardinagem. Esse resultado explicita a agregação de valor que continua ocorrendo na economia enquanto as flores e plantas ornamentais que saem do produtor chegam ao consumidor final.
No agronegócio como um todo e também na economia brasileira, a maior agregação de valor deveu-se ao segmento de agrosserviços da cadeia, cujo PIB somou R$ 3,23 bilhões (45% do total), de acordo com o Cepea. Esse valor é uma estimativa do que foi gerado pelas atividades econômicas do País ao prestarem, à cadeia de flores e plantas ornamentais, serviços de transporte, financeiros, jurídicos, contábeis, de consultoria, de telecomunicações, entre outros.
A cadeia movimentou R$ 14,6 bilhões (soma dos valores brutos de produção de todos os segmentos). Essa medida não é uma boa aferição da dimensão da cadeia no sistema econômico (e contém duplas contagens), mas é um indicativo do valor que a cadeia fez “girar” na economia em 2017.
Estimou-se também a elasticidade-renda da demanda da cadeia: um incremento de 1% na renda per capita da população implica aumento no gasto de consumo per capita com flores e plantas ornamentais de 1,235%. De acordo com pesquisadores do Cepea, essa sensibilidade é similar à de outros produtos considerados superiores ou de luxo, como vinhos, frutas mais caras e alimentos light, diet e orgânicos.
Metodologia
O objetivo dessa etapa do projeto entre o Cepea e o Ibraflor foi dimensionar o PIB do agronegócio da cadeia no ano de 2017, trazendo uma fotografia da geração de renda ao longo de seus segmentos. Esse objetivo foi alcançado mediante aplicação de metodologia própria do Cepea, adotada para o PIB do agronegócio brasileiro desde 1999 e adaptada e aplicada a diversas outras cadeias agropecuárias.
A base de cálculo dos valores monetários do PIB foi uma Matriz de Insumo-Produto (MIP), estimada neste estudo para o ano de 2017, com base nas matrizes e Tabelas de Recursos e Usos divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A cadeia de flores e plantas ornamentais, especificamente, apresenta grande variedade de agentes atuando no pós-porteira, formando uma complexa rede de interrelações. Mas, a estimação do PIB envolve algumas simplificações e agrupamentos de atividades.