Se fosse para descrever a orquídea em apenas uma palavra, com certeza seria “versatilidade”. Saiba como cultivá-la e tenha o prazer de conviver com essa encantadora flor
Além da beleza incomparável, a orquídea é flor extremamente versátil. Apenas no Brasil, são mais de 2.500 espécies para cultivar, ornamentar, decorar, colecionar e presentear, elas estão entre as opções preferidas dos consumidores. Das espécies mais populares às raras, de diversos formatos, tamanhos e cores, há opções de orquídeas que se adaptam a diferentes ambientes e climas, fazendo do universo dessa bela flor ainda mais encantador.
Planta multifacetada
Marcos Estevão Feliciano, engenheiro agrônomo da Forth Jardim explica que, por ser uma planta tão “multifacetada”, é comum que surjam muitas dúvidas por parte de quem resolve cultivá-las. Segundo ele, o questionamento mais comum costuma ser:
“qual o ambiente ideal para minha orquídea?” Feliciano salienta que, de modo geral, assim como aconteceria em uma floresta tropical, “as orquídeas precisam da sombra e da umidade das árvores para se desenvolver”.
Inclusive, o agrônomo destaca que “a grande maioria das espécies brasileiras são epífitas, ou seja, crescem presas aos troncos das árvores, e isso já diz bastante sobre o tipo de ambiente ideal para o seu desenvolvimento”, orienta.
Ambientes diversificados
Mas, de acordo com o especialista, é preciso considerar uma série de fatores, como o fato de que, além das epífitas, existem espécies que se desenvolvem em outros tipos de ambientes.
“Com exceção da Antártida, as orquídeas podem ser encontradas em praticamente todos os continentes, por isso, dependendo da espécie, elas podem crescer em ambientes variados, que vão desde florestas tropicais até regiões áridas”, ressalta Feliciano.
O engenheiro agrônomo sublinha que, se considerarmos os locais onde as orquídeas podem se desenvolver, podemos classificá-las em:
- Epífitas
Feliciano conta que as orquídeas epífitas são aquelas que crescem sobre outras plantas, geralmente árvores.
“Mas, ao contrário do que alguns pensam, elas não são ‘parasitas’, pois não retiram nutrientes das plantas, apenas as usam como suporte”, ensina. E completa que “as orquídeas ficam penduradas nessas árvores usando suas próprias raízes para se fixar”.
Segundo o especialista, esse grupo representa mais de 90% das orquídeas comercializadas.
Feliciano cita, como exemplo de epífitas, as orquídeas do gênero Cattleya (catléia), Phalaenopsis (orquídea-borboleta),
Cuidados específicos para cultivar epífitas
O agrônomo da Forth Jardim orienta para que as epífitas não sejam plantadas em terra, “pois apodrece suas raízes”.
Ele explica que essa espécie precisa de um substrato bem aerado. “É bastante fácil encontrar em lojas especializadas e, até mesmo, em super mercados, misturas prontas a base de casca de pinus, carvão vegetal e chips de coco”, afirma.
Feliciano recomenda que as regas sejam feitas sempre que o substrato começar a secar. “No dia de regar, pode levar o vaso em um tanque e deixar cair bastante água em suas raízes”, ensina.
Já a adubação, de acordo com o especialista, é feita principalmente nas folhas, mas pode-se aproveitar o adubo diluído no pulverizador e também aplicar nas raízes.
- Terrestres
Essas são as orquídeas que vivem como as plantas comuns, na terra mesmo, de onde retiram todos os nutrientes de que necessitam para crescer.
“Apesar de serem cultivadas diretamente no solo, elas também se desenvolvem bem em outros tipos de substratos, desde que ele consiga reter bem a umidade, sem deixar as raízes da planta encharcadas”, esclarece.
Os exemplos das terrestres são a Arundina bambusifolia (orquídea-bambú),
Cuidados específicos de cultivo das terrestres
Feliciano frisa que apesar dessas orquídeas serem terrestres, não significa que é para plantá-las diretamente na terra. “Na natureza, as terrestres se desenvolvem na superfície da mata, em uma terra vegetal, portanto, se desenvolvem melhor em substratos que imitem a natureza”, salienta.
Segundo o agrônomo, hoje em dia não é complicado encontrar no comércio substratos específicos para orquídeas terrestres.
Sobre a irrigação dessa espécie, ele aconselha que as regas sejam feitas quando o substrato começar a secar, “além disso, quando observar que está saindo água por debaixo do vaso, é o sinal que já é o suficiente”, detalha.
Para o especialista, a adubação pode ser realizada diretamente no substrato ou nas folhas, “sempre dando preferência para os adubos para diluir em água”.
Feliciano salienta que “se for aplicar adubo diretamente nas folhas, é melhor usar um pulverizador e, nas raízes, um regador”.
- Aquáticas
São orquídeas que crescem, geralmente, em ambientes úmidos ou aquáticos, como lagos, rios e pântanos. “Suas raízes ficam submersas e elas absorvem nutrientes e água do ar e da superfície da água”, explica o agrônomo.
Ele acentua que algumas espécies podem ser facilmente cultivadas em aquários e lagoas ornamentais.
A Habenaria repens – comumente chamada de orquídea do pântano, aranha d´água ou orquídea flutuante – é exemplo deste tipo de orquídea.
Uma curiosidade das orquídeas aquáticas é que não necessitam de cuidados específicos, pois vivem em seu habitat natural, não são comercializadas.
Outros ambientes
O profissional explica que existem orquídeas que preferem lugares ainda mais diferentes para crescerem e se desenvolverem, podendo também ser chamadas de:
- Saxícolas (rupícolas, ou litófitas): são as espécies que crescem em rochas, geralmente em fissuras de pedras ou em terrenos rochosos.
- Humícolas: orquídeas que, geralmente, se desenvolvem em áreas florestais, onde a matéria orgânica é abundante. Podem se desenvolver no solo, desde que haja folhas e galhos em decomposição, com bastante húmus.
- Aerícolas: podem crescer apoiadas em árvores e rochas em ambientes saturados de umidade, absorvendo água e nutrientes do ar.
- Trepadeiras: algumas orquídeas também são trepadeiras e, apesar de terem suas raízes no solo ou “serrapilheira”, crescem se apoiando em estruturas como cercas, treliças ou em outras plantas.
- Halófitas: se desenvolvem em ambientes salinos, como manguezais ou em áreas de restinga, onde a água possui uma alta concentração de sal.
- Saprófitas: são orquídeas muito raras, que não possuem clorofila e não fazem fotossíntese. Para obter seus nutrientes, elas se alimentam de restos de vegetais e de animais em decomposição. Geralmente são brancas, rosadas ou amareladas, sem o característico pigmento verde (clorofila) que a maioria das plantas tem.
Universo apaixonante
Feliciano destaca que saber qual o tipo de orquídea que se está levando para casa, entender sua origem e suas particularidades são as atitudes mais indicadas para saber como criar o ambiente ideal para a bela planta se desenvolver.
“Entender cada fase da orquídea e usar o produto adequado para o momento, também é uma forma de lidar com o cultivo dessa encantadora e versátil planta”, acredita o agrônomo.
Em sua opinião, o universo das orquídeas é realmente apaixonante, justamente o que motiva as pessoas a cultivá-las para poder apreciá-las cotidianamente ou presentear alguém.
Fonte: Forth Jardim