Confira algumas dicas para adotar a abordagem regenerativa (Foto: Divulgação)
Muito além da estética, o paisagismo regenerativo reconecta cidades à natureza, valoriza espécies nativas e transforma espaços urbanos em ecossistemas vivos. No movimento crescente por casas mais saudáveis e equilibradas, como aponta a tendência Wellness Home, o bem-estar deixou de ser apenas uma questão de autocuidado e passou a ser uma filosofia que atravessa toda a experiência do morar.
Essa abordagem defende que as casas devem nutrir não só o corpo, mas também a mente e o espírito, por meio de ambientes voltados ao descanso, à saúde e à conexão com a natureza. Nesse contexto, o paisagismo regenerativo surge como peça-chave. Mais do que compor visualmente os espaços, ele transforma o paisagismo em um agente ativo de saúde ambiental e humana.
Ao contrário do modelo tradicional, que frequentemente prioriza espécies exóticas, irrigação intensiva e adubos químicos, o paisagismo regenerativo foca na restauração dos ecossistemas locais, valorizando espécies nativas, o equilíbrio do solo e a biodiversidade.

O paisagismo regenerativo foca na restauração dos ecossistemas locais, valorizando espécies nativas, o equilíbrio do solo e a biodiversidade.. Foto: Divulgação
Essa mudança de paradigma também redefine o uso dos espaços verdes nas residências. Jardins, varandas e quintais deixam de ser apenas áreas contemplativas para se tornarem extensões da casa — locais voltados ao relaxamento, à meditação, à convivência, à alimentação saudável e até ao cultivo de alimentos. Esses espaços passam a integrar o caminho de desconexão do ritmo cinza e acelerado das cidades, oferecendo um respiro essencial para a saúde mental.
“O paisagismo não é só para ver. É para viver. Em um projeto de paisagismo regenerativo, nada é por acaso. Cada planta tem uma função: espécies frutíferas alimentam a fauna; espécies caducas revelam a passagem do tempo. O objetivo não é apenas a beleza, mas também regenerar o solo, atrair vida, proteger a biodiversidade local. É um trabalho com intencionalidade, que cria conexão entre as pessoas e o ambiente”, explica engenheiro civil e consultor para sustentabilidade, Iago de Oliveira.
Sustentabilidade como processo, não produto
O paisagismo regenerativo entende que sustentabilidade não se resume a escolhas pontuais, mas, sim, a um processo contínuo de reconexão com a terra. Ao melhorar a qualidade do ar, atrair polinizadores, reter água no solo e reduzir a necessidade de manutenção intensiva, essa abordagem constrói paisagens que são belas, úteis e vivas — verdadeiras aliadas do bem-estar cotidiano.

No paisagismo regenerativo, a sustentabilidade não se resume a escolhas pontuais, mas, sim, a um processo contínuo de reconexão com a terra. Foto: Divulgação
Integrar natureza, saúde e design é mais do que uma tendência: é uma resposta necessária aos desafios ambientais e emocionais do momento.O arquiteto Fabio Lima, destaca os principais benefícios e diretrizes para aplicar as tendências em todos os projetos regenerativos.
– Regeneração do solo e da biodiversidade, com o uso de espécies nativas, melhora a saúde do solo, aumenta a infiltração de água e promove a vida microbiana. Ainda, estimula o retorno de polinizadores e de outras espécies nativas.
– Redução da pegada ambiental ao diminuir o uso de insumos químicos e práticas poluentes comuns no paisagismo tradicional. Também prioriza materiais e plantas locais, o que reduz as emissões associadas ao transporte.
– Resiliência climática com a criação de paisagens adaptadas às mudanças do clima, que demandam menos irrigação e manutenção.
– Valorização estética e ecológica dos espaços ao integrar beleza e função ecológica, criando ambientes saudáveis e atrativos. O paisagismo regenerativo também conecta as pessoas com a natureza de forma educativa e restauradora.
Por fim, ele destaca o aspecto sociocultural, identitário e ambiental com foco na brasilidade. “O paisagismo regenerativo também é uma forma de resgatar a identidade local, já que a vegetação brasileira — rica e diversa — foi, por muito tempo, negligenciada em favor de estéticas importadas. O uso de espécies nativas permite criar uma paisagem com alma brasileira, que atrai pássaros, promove interação, exige pouca manutenção e ainda regenera o ambiente”, destaca Lima.
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Tipos de espécies para um jardim regenerativo
De acordo com o arquiteto, o fundamental neste tipo de projeto é a escolha exclusiva de espécies nativas da região em que será plantada. Conhecer a flora local é o primeiro passo: o que é nativo em uma região, não necessariamente é em outra, então a atenção nisso é essencial. Sendo assim, seguem, abaixo, algumas dicas do especialista:

Conhecer a flora local é o primeiro passo para a implementação de um projeto de paisagismo regenerativo. Foto: Divulgação
Araucária – nativa das regiões entre MG e RS, apesar de ser uma espécie protegida por lei, poucas pessoas cultivam essa árvore emblemática. Sendo assim, sempre que possível e houver espaço, recomenda-se plantar uma araucária.. Além de sua imponência, ainda contribui para a biodiversidade.
Pitangueira – naturalmente comuns em estados desde o Alagoas até o Rio Grande do Sul, é uma ótima frutífera, adaptável tanto ao plantio em solo quanto em vasos. Seus frutos são deliciosos e sua presença atrai pássaros, trazendo vida e cor ao jardim.
Banana-de-Macaco – amplamente distribuída no Brasil, no Cerrado e Mata Atlântica, essa planta vai bem tanto em sol pleno quanto à sombra. Muito resistente, tolera ventos, geadas e consome pouca água, sendo ideal para jardins de baixa manutenção.
Além dessas dicas, o especialista recomenda sempre dar preferência aos adubos orgânicos, como o húmus de minhoca, que nutrem a terra de forma natural e sustentável. Como dica extra o arquiteto sugere que, ao optar por um projeto de jardim regenerativo, o ideal é ter uma composteira em casa. “Assim, é possível produzir o próprio adubo com resíduos orgânicos , além de contribuir para a redução do lixo”, finaliza Lima.