Para preservar a vitalidade de plantas, flores, arbustos e árvores, paisagistas reúnem orientações sobre rega, poda, adubação e manutenção (Foto: Clausem Bonifácio)
Ter um jardim em casa agrega inúmeros benefícios, como bem-estar emocional, sensação de acolhimento e integração com o verde. Afinal, cultivar plantas, ou simplesmente viver próximo delas, funciona como uma verdadeira terapia. Mas a pergunta é: dá trabalho?
Com a finalidade dar clareza sobre esse questionamento, os paisagistas Cleber e Arthur Depieri afirmam que é possível compor um jardim harmonioso e conciliar os cuidados com a rotina diária. Para isso, basta seguir algumas regras básicas e capazes de garantir a saúde e a evolução das espécies.
Rega e Irrigação
Quando se fala em molhar as plantas, o período da manhã é a melhor escolha. Segundo os paisagistas, o solo ainda está fresco, a evaporação é menor e as espécies aproveitam melhor a água ao longo do dia. Caso não seja possível, outro momento favorável o final da tarde — desde que ocorra antes de anoitecer —, para evitar a umidade em excesso que favorece o desenvolvimento de fungos.

Para jardins menores – ou para quem tem uma rotina mais constante na residência –, a tradicional rega de mangueira é suficiente. Já para quem possui jardins mais extensos, ou uma rotina muito corrida e fora de casa, a irrigação automática é uma excelente alternativa. Foto: Pexels – Karola G.
Quanto ao tipo, tanto a rega tradicional de mangueira quanto a irrigação automática funcionam bem, desde que a água alcance o solo de maneira uniforme e na quantidade adequada. Nesse ponto, porém, os paisagistas ressaltam que os sistemas automáticos levam uma ligeira vantagem por garantirem regularidade, praticidade e melhor uso da água.
Mas como saber se o volume de água foi o suficiente? Para ter essa resposta, eles indicam que é preciso verificar a umidade do solo, que no cenário ideal precisa estar entre 5 e 10 cm de profundidade. “O excesso é prejudicial e é percebido pela formação de poças. Por outro lado, se a superfície secar rápido demais, esse é um indicativo que faltou água”, observam.
Eles também sugerem atenção durante o verão, pois o calor intensifica a evaporação, exigindo uma rega mais frequente. “Já em épocas de chuvas, essa necessidade diminui, assim como no inverno, uma vez que o solo retém a umidade”, complementam.
Poda e Manutenção
A necessidade de poda varia de acordo com a espécie, mas observar o comportamento e o crescimento da planta é o melhor segredo para mantê-la sempre viçosa. De acordo com Arthur, a manutenção ocorre pela retirada de galhos secos, crescimento desordenado ou falta de circulação de ar.

A poda é essencial para o fortalecimento das espécies, uma vez que direciona a energia para novos brotos. Crédito das imagens: Freepik
De maneira geral, muitas delas requerem podas leves a cada dois ou três meses, enquanto arbustos e árvores demandam a ativação, no máximo, entre uma ou duas vezes ao ano.
Segundo Cleber, a poda contribui para o crescimento e o fortalecimento, pois remove as partes velhas e direciona a energia da planta para novas brotações. No caso das flores, a remoção da estrutura que secou é ótima para estimular novos botões. “E, quando for cortar, preserve os ramos que carregam botões jovens”, recomenda o paisagista.
Para a perfeita cicatrização, os cortes devem ser limpos, inclinados e feitos com ferramentas amoladas. Em algumas situações, também vale aplicar selantes ou pastas cicatrizantes para evitar fungos e ajudar na cicatrização. Mas como a vida pede equilíbrio, os profissionais frisam que o excesso de cortes também pode estressar a planta.
Adubação

Em meio ao verde, em primeiro plano, é possível ver uma Alpinia Purpurata, na cor rosa, também conhecida como Gengibre Ornamental. Foto: Divulgação
Assim como é preciso monitorar as espécies para definir o momento da poda, é fundamental ater-se aos sinais de que as plantas necessitam de adubação, como a presença de folhas amareladas, falta de brilho, crescimento lento e floração enfraquecida. Para recuperar o vigor da espécie, o ideal é trabalhar com um calendário fixo e adubar antes dos períodos de crescimento, como a primavera.
“A adubação deve ser feita de forma regular e o fertilizante deve ser espalhado ao redor da planta para a incorporação no solo”, ensina Cleber. Os próximos passos são a rega constante e a avaliação de uma nova rodada de aplicação que, em jardins domésticos, pode acontecer em um intervalo médio de 90 dias.
Com suas respectivas funções e vantagens, o adubo natural, proveniente de compostagem e húmus, melhora a estrutura do solo e oferece nutrientes de forma equilibrada. Já os industrializados são excelentes para corrigir deficiências nutricionais específicas. “É mito que o excesso de adubo ajuda no crescimento das plantas, já que em demasia eles atraem pragas e promove o desbalanceamento do solo”, alerta.
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O que fazer após o surgimento de pragas?
Verdadeiros terror de qualquer jardim, insetos como pulgões, cochonilhas, lagartas e moscas-brancas; ácaros (aracnídeos minúsculos); além de fungos como oídio e ferrugem são exemplos pragas que podem, literalmente, detonar um lindo espaço verde.

As graciosas joaninhas ajudam a combater os pulgões. Crédito da imagem: Wirestock – Freepik
Os paisagistas pontuam que o surgimento é decorrente da falta de cuidados preventivos como um solo bem nutrido, rega correta, boa circulação de ar, luminosidade adequada e limpeza eficiente. Para solucionar a infestação, os paisagistas indicam a remoção manual das partes infestadas e o uso de soluções naturais como o óleo mineral. Em casos graves, será preciso recorrer a inseticidas específicos — sempre com orientação de um profissional especializado.
Por fim, eles destacam a presença dos chamados insetos do bem. “Nem tudo é problema, pois a natureza também oferece grandes aliados como joaninhas, louva-a-deus e vespas parasitoides que auxiliam no controle de alguns tipos de pragas. Somam-se a eles os polinizadores — como abelhas e borboletas — essenciais para manter o jardim equilibrado”, concluem.








