Um crachá de evento, uma sacola, uma tag, uma caixa, tudo de papel que seria descartado, vira uma planta. Essa ideia simples é o que orienta a empresa Papel Semente, que está prestes a completar 17 anos de existência (Foto: Papel Semente/Divulgação)
Em tempos em que a sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma obrigação, a Papel Semente transforma algo cotidiano — o papel — em um gesto concreto de cuidado com o planeta.
Um crachá de evento, uma sacola, uma tag, uma caixa, tudo de papel que seria descartado, vira uma planta. Essa ideia simples é que orienta a empresa, que está prestes a completar 17 anos de existência.
Fundada por Andréa de Carvalho com uma missão de “transformar papel em vida”.
“A Andréa sempre foi muito engajada com sustentabilidade e queria encontrar uma forma inovadora de substituir o papel tradicional, mas que também chamasse a atenção de pessoas que talvez não se importassem tanto com o tema”, conta Bernardo Barreto, consultor comercial da Papel Semente, em entrevista à Revista A Lavoura.
Da fibra reciclada à flor

Lá, o processo segue um ritual cuidadoso. O papel é picotado, misturado com água até formar uma polpa e, depois, recebe sementes certificadas, que podem ser de flores, ervas ou hortaliças.
O material é então prensado, seco naturalmente e transformado em folhas que conservam a textura e a aparência do papel comum, mas com o diferencial de poderem ser plantadas após o uso.
“É basicamente aquela experiência escolar do broto de feijão”, compara Bernardo.
“Você usa o papel, rasga, planta no vaso, rega e vê nascer uma vida nova dali. É educativo e interativo ao mesmo tempo”.
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Uma fábrica com propósito ESG

O papel é picotado, misturado com água até formar uma polpa. Foto: Reprodução Facebook Papel Semente
A unidade de São Gonçalo é carbono zero, e suas práticas seguem rigorosamente os princípios ESG (ambiental, social e governança).
“As pessoas acham que ESG é só ecologia, mas também envolve o social e a governança. Nossos funcionários são todos da região, e muitos estavam em situação de vulnerabilidade antes de serem contratados”, explica Bernardo.
Além disso, mulheres que não podem sair de casa para trabalhar — muitas por terem filhos pequenos — fazem parte da cadeia produtiva. Elas confeccionam manualmente os detalhes dos produtos, como cordões e alças.

Cada micro pontinho preto desse é uma sementinha. Foto: Reprodução Facebook Papel Semente
O papel que vira planta
A Papel Semente oferece 12 tipos de sementes diferentes, entre elas margarida, papoula, manjericão, salsinha, rúcula, cenoura e tomate. Todas são livres de agroquímicos e passam por testes, que garantem uma alta taxa de germinação.
“Em poucos dias a semente germina”, diz Bernardo.
O resultado é um material versátil que pode ser usado em convites, cartões, embalagens, tags, sacolas e brindes corporativos — itens que, após cumprirem sua função original, podem ser plantados diretamente no solo.

Mulheres, em sua maioria da região onde está a fábrica, confeccionam manualmente os detalhes dos produtos, como cordões e alças. Foto: Reprodução Facebook Papel Semente
Sustentabilidade que gera engajamento
Bernardo explica que o impacto do papel semente vai além da reciclagem. Ele cria experiências afetivas entre marcas e consumidores. Empresas que usam o material em seus produtos e ações comunicam, de forma concreta, um compromisso ambiental — e ganham em engajamento.
“É um produto curioso, que gera uma emoção”.
O consultor destaca que o papel semente funciona como uma espécie de lembrança viva, em que a imagem da empresa e do evento se torna mais permanente para o consumidor e cliente.
Em eventos, por exemplo, crachás feitos de papel semente já se tornaram uma tendência.
Agora, a empresa está mirando grandes varejistas e redes de hotelaria, setores que podem adotar o papel semente em sacolas, etiquetas, cartões e sinalizações.

O papel semente funciona como uma espécie de lembrança viva, em que a imagem da empresa e do evento se torna mais permanente para o consumidor e cliente. Foto: Reprodução Facebook Papel Semente
Redação A Lavoura








