Qual é o melhor momento e de que maneira replantar a orquídea para que continue saudável e florindo? Não é complicado transferir a planta de um vaso para outro, só é preciso observar algumas situações
O replante de orquídeas é uma das operações mais importantes no cultivo, pois pode definir se as flores continuarão exuberantes e saudáveis por mais tempo. Entretanto, elas só devem ser trocadas para novo vaso quando for mesmo indispensável, pois exagerar nos cuidados pode atrapalhar o ciclo de crescimento da planta.
“É essencial identificar quais são as situações que o replantio é realmente necessário”, afirma o engenheiro agrônomo Gilberto Cardoso.
Motivos para replantar a orquídea
Os motivos para transferir a orquídea de um vaso para outro, segundo o especialista, são basicamente quatro:
Falta de espaço para continuar o crescimento: chega o momento em que a planta não cabe mais dentro do vaso e suas raízes começam a ficar penduradas para o lado de fora, sem condição de absorver água e nutrientes.
Substrato fica velho: Com exceção dos materiais inertes, todos os tipos de substratos ficam envelhecidos com o tempo, tornando-se inadequados para o cultivo e precisam ser substituídos junto com a troca de vaso.
Desenvolvimento inadequado: Quando as orquídeas não estão crescendo bem no vaso, é hora de mudar para outro.
Plantas doentes: Doenças, como a podridão, são motivos para replantar.
Qual é o melhor momento?
A fase perfeita para a planta ser trocada de vaso é a de crescimento, ou seja, quando a orquídea voltou a emitir novas raízes e brotos, depois de passar pelo período de descanso (dormência). “Em espécies como a Cattleya, por exemplo, é bom aproveitar o momento em que, mesmo havendo espata floral (folha modificada de onde surgem as flores), os botões ainda não desabrocharam”, orienta Cardoso.
Ele ensina que, para retirar a planta do vaso de plástico, por exemplo, basta fazer leve pressão com os dedos ao redor do recipiente para que as raízes se desgrudem. “Depois, ela deve ser removida, com bastante cuidado, para evitar danificar alguma parte da planta, já que qualquer machucado pode servir de “porta” de entrada para fungos e bactérias”, adverte.
Com a planta já fora do antigo vaso, Cardoso explica que é preciso retirar todo resto de substrato velho que, por ventura, ficou agarrado às raízes. “Também todas aquelas que estiverem secas (mortas), devem ser retiradas, cortando com uma tesoura esterilizada, com bastante atenção para não ferir as raízes que estão vivas”, alerta.
“Em espécies como a Cattleya, os pseudobulbos secos ou apresentando sinais de doenças, têm de ser retirados com a ajuda da tesoura esterilizada. O corte deve ser feito no rizoma, que é o caule horizontal de onde nascem os pseudobulbos. Restos de florações anteriores e todas as partes secas da planta também precisam ser devidamente cortadas. É necessário ainda retirar, com muito cuidado, as películas que protegem os pseudobulbos porque eles podem ser esconderijos de pragas”, ressalta o especialista.
Ele recomenda que, depois de fazer qualquer corte na planta (no rizoma, no pseudobulbo, na haste ou na folha), seja aplicado no local um cicatrizante natural, a fim de protegê-la de infecções, fungos e bactérias. “A canela em pó é excelente”, diz.
Que substrato usar?
Como existem vários tipos de substratos disponíveis no mercado, Cardoso aconselha o uso de apenas – e no máximo – três tipos deles para replantar a orquídea, “até ter conhecimento mais profundo do cultivo dessas flores”, orienta.
A recomendação do agrônomo é uma mistura de casca de pinus, coxim de coco e carvão vegetal, todos facilmente encontrados em floriculturas, exposições de orquídeas, lojas agropecuárias, sites especializados etc. Podem ser adquiridos por venda online. “Esses três substratos são suficientes para cultivar qualquer espécie de orquídea, exceto as terrestres”, reitera.
Dica importante de Cardoso é que, se a espécie de orquídea que está sendo replantada demandar mais umidade para seu desenvolvimento e estiver em uma região de clima quente e seco, o coxim de coco deverá ser privilegiado em relação aos demais substratos, para que o teor de umidade se mantenha ativo por mais tempo.
“Agora, caso a região já seja de clima naturalmente úmido, não é preciso grande quantidade de coxim de coco no vaso para cultivá-la”, explica o especialista.
Qual é melhor o vaso para replantio?
Outro fator relevante para que a orquídea se desenvolva plenamente é a escolha do vaso em que será cultivada.
De acordo com Cardoso, vasos de plástico costumam manter a umidade por mais tempo. Então, caso a espécie não tolere permanecer úmida por longo período, é preciso compensar esta situação colocando no vaso menos quantidade de coxim de coco.
“Com as Phalaenopsis, a porção de coxim de coco nos vasos de cultivo pode ser bastante generosa”, indica o agrônomo.
“Já plantas muito jovens são mais frágeis e, geralmente, não toleram ficar secas por longo período”, informa.
Como replantar
Misturar os substratos é o primeiro passo, segundo Cardoso. “À casca de pinus, devem ser acrescentadas pequenas quantidades de coxim de coco e de carvão vegetal”.
Ele orienta que o fundo do vaso escolhido (de barro, por exemplo) para plantio ou replante da orquídea, precisa ser preenchido com uma camada de cacos de telha (ou argila expandida, brita granítica, isopor etc), para ajudar na drenagem. “É preferível que os vasos tenham furos, além do fundo, também nas laterais, para melhor aeração das raízes”.
“Depois do vaso forrado com telha picada (ou outro material), caso a região seja de clima seco e quente e a espécie precise de maior retenção de umidade, uma fina camada de coxim de coco deverá ser adicionada. Em seguida, o restante do espaço do vaso deve ser completado com a mistura dos três tipos de substrato (casca de pinus com um pouco de coxim de coco e carvão vegetal)” ensina o especialista.
O vaso estará pronto para receber a orquídea. Ela não pode ficar enterrada, mas sim na superfície do substrato, com a parte mais antiga da planta encostada numa das laterais do vaso.
“Logo após plantá-la, é preciso fixá-la no vaso com amarrilho (pode ser semelhante aquele usado para fechar sacos de pães de forma) e uma haste de madeira (até mesmo o palito de churrasco) ou de metal. Assim, elas não ficarão soltas e instáveis no vaso. Logo que a planta enraizar, a haste de madeira poderá ser retirada”, diz o agrônomo.
Último conselho de Cardoso para que o replantio seja um sucesso e a orquídea permaneça com toda sua exuberância e beleza, é não fazer a troca de vaso quando a planta estiver florida.