Para cultivar esta espécie, sequer é necessário substrato. Bastam água e nutrientes para a Vanda florescer mais de uma vez ao ano
Flores exuberantes, de variadas, belas e inusitadas cores, algumas até são perfumadas. A Vanda desperta paixões e desejo em cultivá-la, mas muitos desistem por receio de não saber como mantê-la viva e florida. Uma das razões é a intrigante característica desta espécie de orquídea que sobrevive sem substratos.
Para o engenheiro agrônomo Gilberto Cardoso, do Site Pergunte ao Agrônomo, garante que cultivar a Vanda é mais simples do que se imagina. “Como não utiliza substratos, para cultivá-la, bastam arame revestido (para não machucar a planta), um vaso furado, amarrilhos (pode ser aquele usado para fechar embalagens de pães de forma) e a orquídea”, explica.
Características
Antes de aprender a cultivar esta espécie, é sempre bom conhecer algumas de suas características. “As Vandas são orquídeas monopodiais, ou seja, crescem para cima, assim como as Phalaenopsis. São também epífitas, quer dizer, usam as árvores de apoio para viver”, explica o agrônomo.
Costumam florescer anualmente e suas flores duram muito tempo. Algumas são bastante perfumadas. “Vandas híbridas (mistura com outra espécie), podem florir várias vezes durante o ano”, diz o especialista.
As folhas das Vandas crescem em direções opostas, uma ao lado da outra, de forma espelhada. “A disposição e curvatura das folhas determinam com que a água, de rega ou da chuva, seja direcionada para o caule principal da planta, descendo para suas raízes”, esclarece Cardoso.
Raízes
Ele ressalta que as raízes são uma das características mais marcantes das Vandas. “São bastante desenvolvidas para conseguir absorver água e nutrientes do ambiente. Assim, raízes saudáveis são um “termômetro” da planta saudável”.
Para o agrônomo, as raízes das Vandas merecem uma atenção especial porque são vitais e extremamente importantes para sua sobrevivência.
“Elas não se contentam em crescer somente dentro do vaso ou restritas há apenas um local. Quando começam a fase de crescimento, as raízes até conseguem se desenvolver‘confinadas’no interior do vaso, mas é pelo simples fato de terem um apoio inicial”, afirma Cardoso.
Ele ensina que, à medida em que a planta consegue se apoiar, suas raízes começam a se desenvolver livremente, podendo chegar a medir mais de um metro e meio de comprimento.
“Geralmente são raízes volumosas, com uma camada de tecido com pontos de coloração esbranquiçada em toda a superfície radicular, parecendo que as raízes estão secas, mas que tornam-se verdes sempre que hidratadas com água”, revela.
A função desse tecido, segundo Cardoso, é absorver umidade (como uma esponja), preservando contra a perda de água e protegendo do Sol em excesso.
“Além disso, esses pontinhos brancos também são responsáveis por dissolver os nutrientes, portanto, não deve ser motivo de preocupação para quem cultiva as Vandas”, tranquiliza.
Como plantar ou fazer o replantio
Como cultivar essa espécie de orquídea sem usar os substratos? É bem fácil, assegura o especialista do Site Pergunte ao Agrônomo”.
Será preciso apenas dispor de um vaso com furos (no fundo e nas laterais), pedaço de metal flexível revestido (para evitar danificar a orquídea) e a Vanda. “Só isso”, diz.
A primeira providência, segundo Cardoso, é prender o arame no fundo do vaso. Antes de colocar a orquídea em seu interior, é preciso molhar todas as raízes da planta para deixá-las mais maleáveis e não quebrá-las.
“É hora, então, de fixar a orquídea no vaso com a ajuda daquele arame, amarrilhos e, às vezes, também de presilhas de plástico (aquelas usadas para lacrar malas), ajeitando com muito cuidado as raízes dentro do vaso e prendendo a planta. Assim, a Vanda estará pronta para se desenvolver.
Caso a pessoa que irá cuidar da Vanda não tenha tempo disponível para regá-la todos os dias, religiosamente, existe outra opção – também correta – de cultivo, que é usando substratos.
“Assim, a planta irá absorver desses substratos a água e nutrientes necessários para viver”, esclarece o Cardoso.
Para ele, uma excelente escolha de substrato para cultivar Vandas é a mistura de casca de pinus (que deverá ter a quantidade privilegiada em relação aos demais), pedacinhos de carvão vegetal e esfagno (musgo).
Outras alternativas de bons substratos para plantar Vandas, de acordo com o agrônomo, são :
Casca de pinus + coxim de coco + carvão vegetal;
Casca de noz macadâmia + esfagno + carvão vegetal;
Casca de pinus + coxim de coco;
Coxim de coco + casca de noz macadâmia.
“É sempre bom haver na mistura um elemento que retenha mais umidade, que pode ser o esfagno ou coxim de coco”, aconselha.
Outras recomendações do especialista ao proceder ao plantio (ou replante) de Vandas usando substratos, são, após as raízes já estarem dentro do vaso definitivo, usar uma espécie de tela (sombrite, por exemplo), para não permitir que partes do substrato “escapem” pelos furos do vaso; e ainda, ao preencher delicadamente o restante de espaço do vaso com o substrato, sem pressioná-lo para baixo com a mão, deixar que ele fique com bastante aeração para as raízes.
Finalmente, ao plantar Vandas, é preciso evitar, ao máximo, cortar as raízes, mesmo que estejam com aparência ressecada. “Elas podem voltar a ficar verdes ao serem hidratadas. Ou seja, as aparências enganam”, ressalta o agrônomo.
Qual vaso usar
Para Gilberto Cardoso, irá depender de alguns fatores. Caso haja tempo disponível para irrigar a Vanda todos os dias, ele aconselha cultivá-la de forma tradicional, ou seja, usando um vaso de plástico pequeno, com furos nas laterais e no fundo.
“Quando adquirida no comércio, muito provavelmente, a Vanda estará plantada em um vaso de plástico pequeno já contendo muitas raízes à sua volta. Tentar retirar a planta deste recipiente só fará mal a ela. Assim, caso se queira colocar a planta em outro recipiente, o aconselhável é posicionar a orquídea, com este antigo vaso, dentro do novo, prendendo ambos com uma presilha plástica”, sugere o agrônomo.
Vasos de barro, cachepots de madeira, cestinhas de plástico etc, também podem ser utilizados para cultivar Vandas.
Porém, o especialista faz uma importante ressalva: todos os vasos devem, obrigatoriamente, conter muitos – e grandes – furos, para que as raízes possam se desenvolver abundantemente. “Esta é a única exigência”.
Assim, Cardoso orienta que, se opção de cultivo escolhida for aquela em se utiliza substratos, não é recomendável usar um vaso pequeno, pois tanto as raízes como os substratos, ficarão com espaço muito limitado. “A escolha certa é por vasos grandes e espaçosos”, acentua.
Ele destaca ainda que “caso a Vanda já esteja plantada num vaso pequeno de plástico, para replantá-la para um novo, de maior tamanho, nunca a retire do pequeno antigo, replante com ele junto, colocando um dentro do outro e amarrando ambos com presilhas plásticas, para fixá-los bem entre si”, ressalta mais uma vez Cardoso.
Como irrigar
Questão bastante simples, diz o agrônomo, “se a Vanda estiver sendo cultivada com substratos, o correto é não irrigar todos os dias. Caso contrário, é preciso regar diariamente, de preferência uma vez de manhã e outra no final da tarde”.
Para o agrônomo, “não importa se for a rega for feita com mangueira, borrifador, mergulhando as raízes em um balde com água, o importante é molhar as raízes até que elas mudem de coloração e fiquem com coloração verde”, ressalta.
Iluminação
Em geral, as Vandas necessitam de muita iluminação para se desenvolver adequadamente, entretanto, não gostam de ficar sob Sol direto.
“Algumas orquídeas Vanda podem crescer em pleno sol, mas ela não irá prosperar, ficando de menor tamanho, suas folhas tornam-se mais claras, ‘queimam’ e, dependendo do local, a planta começa a crescer em direção contrária ao sol/calor. É melhor evitar”, adverte Cardoso.
Adubação
Não difere muito dos procedimentos de adubação das demais espécies de orquídeas. Confira a maneira correta de adubação de orquídeas nas matérias “Orquídeas, beleza que fascina” e “Orquídeas potencializam beleza quando bem cultivadas e nutridas“.
De acordo com Gilberto Cardoso, as Vandas devem ser adubadas através de suas volumosas e longas raízes, que funcionam como uma verdadeira esponja e são dotadas com extrema capacidade para absorver água e nutrientes.
Como fazer mudas
Como a Vanda é uma planta monopodial (cresce verticalmente) e desenvolve-se através de um único caule, dificilmente consegue produzir keikis (mudinhas que nascem a partir de orquídeas adultas), então, como é possível fazer mudas desta espécie?
“Podem surgir keikis em Vandas, porém não há um método certo para fazê-los crescerem. Caso a planta tenha gerado um keiki, o procedimento correto é apenas descolá-lo da planta mãe quando já tiver despontado, pelo menos, entre três ou quatro raízes”, orienta Cardoso.
Segundo o agrônomo, não é muito recomendável gerar mudas desta espécie de orquídea, “pois esta ação pode acabar matando a planta”, avisa.
No entanto, como as Vandas emitem raízes em quase toda a extensão do seu caule, é possível aproveitar desta peculiaridade, explica o agrônomo. “Para produzir a muda, a planta precisa ter raízes na parte inferior e algumas outras mais acima, ou seja, na região de cima do caule”.
“Ao encontrar um exemplar de orquídea Vanda com tais características, é preciso cortar o caule principal, deixando parte do caule com algumas raízes na parte de baixo e outras na parte de cima. O número mínimo de raízes em cada parte deve ser de quatro raízes bem formadas”, ensina o especialista.
Ele orienta que, após o corte, é necessário passar canela em pó no local cortado para evitar infecções. “Também não é recomendável descuidar da irrigação”, diz.
Orquídea Vanda perdendo folhas
O que fazer quando as folhas das Vandas começam a cair? Para Gilberto Cardoso, “esse é um problema muito comum e, felizmente, o motivo principal é bem simples. De forma geral, ocorre devido à falta de água/umidade”, relata.
Segundo ele, as folhas são estruturas que podem perder água para o ambiente, isso porque, em dias muito quentes, ou se a planta não é irrigada há muito tempo, mesmo com toda a proteção contra a perda de água que as folhas possuem naturalmente, elas não conseguem suportar por muito tempo.
Cardoso explica que quando esta situação ocorre, a água, que antes estava dentro da planta, escapa para o ambiente externo. “Consequentemente, o problema potencializa-se, agravando, ainda mais, a falta de água”.
Segundo o especialista, para evitar que isso ocorra, “a orquídea, de forma muito inteligente, começa a eliminar algumas das suas próprias folhas para diminuir os danos com essa perda”.
O problema da escassez de água pode ser facilmente resolvido, de acordo com o agrônomo, fazendo irrigações mais frequentes e, também, transferindo a orquídea Vanda para um ambiente com temperatura mais amena.