Produto biodegradável é uma alternativa ao glitter tradicional, feito a partir de microplásticos – partes tão pequenas que não podem ser filtradas nos processos de despoluição e acabam indo direto para os lençóis freáticos. Produção: Gustavo Monteiro * Foto: Cris Torres/Divulgação FEVERÊ.lab
Há menos de duas semanas para a festa popular mais importante do Brasil, essa edição do carnaval promete ser a mais verde da história. Nos blocos de rua do Rio de Janeiro, os canudos e copos reutilizáveis já mostram que vieram para chegar. No entanto, é o glitter biodegradável – ou bioglitter – a grande vedete da vez.
Nos dois primeiros meses de 2019, as buscas pelo termo “bioglitter” no Brasil registraram um índice quatro vezes superior ao igual período do ano passado.
O produto é uma alternativa ao glitter tradicional, feito a partir de microplásticos – partes tão pequenas que não podem ser filtradas nos processos de despoluição e acabam indo direto para os lençóis freáticos.
Embora não haja estatísticas sobre a quantidade de glitter despejada no mar, estimativas de organismos internacionais acreditam que, pelo menos, 8 milhões de toneladas de plástico de diferentes fontes é lançado nos oceanos, anualmente.
O movimento por um carnaval mais ecossustentável é puxado, principalmente, pelo público mais jovem. “Pessoas de 18 a 34 anos representam cerca de 2/3 dos nossos clientes”, explica Igor Pinheiro, empresário fundador da FEVERÊ.lab, marca carioca de bioglitter.
Produto natural
O produto da FEVERÊ.lab é elaborado a partir de uma base de gel de aloe vera, que recebe pó mineral. “Tudo biodegradável e sem plásticos”, garante o jovem empresário.
Por ser biodegradável, o produto se dilui facilmente na água e sai no banho, sem a necessidade de demaquilante ou qualquer outro produto químico.
“A gente vem recebendo uma boa aceitação por parte de quem, embora não esteja tão atento à questão ecológica, também não quer ficar com glitter grudado no corpo fora dos blocos”, finaliza.
Outras marcas do segmento usam, ainda, gelatina de algas, sal ou corantes alimentícios para dar o efeito de brilho.
Empreendedorismo
Pinheiro conta que a FEVERÊ.lab nasceu a partir de um desafio empreendedor, durante um seminário do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Rio de Janeiro.
“Sua missão era desenvolver (na raça!) um negócio de verdade e com uma proposta de valor clara, com lançamento, vendas e finalização em apenas uma semana.”
Um grupo de quatro empreendedores, que tinha negócios que não dialogavam com o universo do carnaval, decidiu apostar em um produto próprio: o bioglitter, alternativo ao glitter tradicional, que é produzido a partir de microplásticos.
“A recepção nas redes sociais e nos pontos de venda foi extremamente positiva. Em uma semana, nosso trabalho foi tão longe, que vimos que não daria para parar por aí”, conta a empresária Bruna Vieira, sócia da marca.
Cleópatra já usava
Embora para muitos o bioglitter pareça uma invenção recente, Pinheiro conta que o uso de minério na composição da maquiagem data de milênios atrás.
“Muitas civilizações antigas utilizavam pó de mica para adornar construções e a própria pele. A rainha Cleópatra delineava os olhos com carvão mineral. Historicamente, o ‘novo’ é o glitter plástico”, explica Pinheiro.
O glitter mais comum surgiu só na década de 1930, quando um americano desenvolveu uma forma de triturar folhas de plástico.
“É interessante pensar que a grande inovação, nesse caso, tem a ver com reverberar o passado, buscando na própria natureza uma solução para os problemas que o homem criou”, diz o jovem empresário.
Para mais informações, acesse bit.ly/mandabrilhos.
Fonte: FEVERÊ.lab