por Lucas Koren*
A arte de se fazer agricultura é de aplicação de métodos e procedimentos no preparo do solo para que as sementes, com o manejo da área agrícola, desenvolvam-se da melhor forma possível, fazendo o alimento chegar às mesas das pessoas. Tudo que se tem de beleza nesta ciência, tem-se de complexo. A planta é um ser vivo, o qual, a partir da interação do solo com a atmosfera, apresenta um desempenho bom ou ruim.
Toda empresa do agronegócio que tenha qualquer tipo de sobreposição com a ciência agrícola está ciente do risco listado acima, isto não é novidade. Agora, a forma como estes riscos são acessados, aqui, sim, existem novidades.
A IMBR Agro, por exemplo, é uma startup que, por meio de um extenso banco de dados, associa a ciência de dados com a transformação digital da agricultura.
De maneira simplista, a partir de conhecimento próprio, podemos simular produtividades agrícolas históricas por meio de um balanço hídrico sequencial, ou seja, uma avaliação diária entre oferta e demanda hídrica para a planta. Aqui vale um adendo importante: há diversas outras variáveis que impactam nesse balanço além das chuvas.
Bom, da mesma forma que esse balanço ocorre com um recorte temporal passado, ele pode ser calculado com uma visão futura. Em outras palavras, desde de o momento da semeadura da cultura na safra corrente, iniciamo seu cálculo diário de saídas e entradas de água na planta.
Esses valores diários de balanço hídrico são comparados com os resultados históricos do mesmo local, desse modo, a partir de um gatilho de interesse da instituição parceira, apontamos qual é a probabilidade diária da cultura no local não alcançar este gatilho.
Embora possa parecer complexo à primeira vista, a nossa missão como startup é simplificar o seu entendimento. Com o exemplo abaixo, tudo o que foi falado até agora ficará mais intuitivo:
Imagine que você tenha uma propriedade “XYZ” produtora de soja em seu portfolio e que você espera que ela colha 50 sacas por hectare no próximo ciclo, semeando no dia 17/12/2021 e colhendo no dia 15 de abril do próximo ano. Como estamos falando de expectativas para a safra 2021/2022, a IMBR Agro pode montar uma simulação, anteriormente, até a safra 2020/2021:
Já é possível notar que a propriedade “XYZ” se encontra em uma região que tem observado avarias climáticas há algum tempo, contudo, um gatilho de 50 sc/ha é aceitável dada a evolução histórica das simulações.
Feito este processo de avaliação prévia, a partir do início da safra, nósmonitoramos o seu desempenho, com o intuito de, antecipadamente, notificar aos seus parceiros sobre potenciais quebras em suas propriedades de negócios.
As probabilidades para o monitoramento da propriedade “XYZ”, com cerca de 40 dias de antecedência à colheita, já eram superiores a 80%, indicando que a região não teria uma boa performance. Este fato é reforçado a partir do resultado final da área: 29,55 sc/ha.
Os dados acima se tratam de uma área no município de Encruzilhada do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, e foram simulados para fomentar o exemplo. De todo modo, os insights trazidos são valorosos.
Com esta ferramenta, instituições que atuam com o agronegócio brasileiro podem passar a monitorar grandes portfólios de propriedades rurais, já que as informações de potenciais perdas passam a ser tabeladas. Com isso, de maneira antecipada, pode-se tomar decisões com o intuito de não prejudicar o desempenho financeiro da companhia.