Em entrevista a IMBR Agro, o CEO Leonardo Alvarenga conta do sucesso do novo hub de inovação de startups do agro, que dá seus primeiros passos
Leonardo Alvarenga formou-se em economia pela PUC-RJ, sendo Mestre em Economia e Finanças pela FGV. Há um ano, ele é o CEO do SNA Startup Hub (SNASH). O SNASH é o hub de inovação voltado para startups do agro, bioeconomia e sustentabilidade, em parceria com a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) tendo Leonardo se envolvido diretamente desde a sua idealização. Ele conversou com a IMBR Agro, sendo entrevistado por Filipe Scigliano Silva Pinto, Head Comercial & Marketing da IMBR Agro.
Scigliano: Leonardo, estamos muito contentes por podermos conversar, e já de início, a IMBR Agro agradece seu tempo e atenção. Indo direto ao ponto, qual foi o seu mote para a idealização e consequente criação do SNASH? E quais foram os maiores desafios que você pode pontuar para a realização de um hub de inovação que vocês passaram?
Alvarenga: Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao convite da IMBR Agro, é uma honra ser o primeiro entrevistado desse espaço. O SNASH é uma iniciativa da Sociedade Nacional de Agricultura, instituição mais antiga do agronegócio brasileiro, com 126 anos de tradição, e surgiu para apoiar a inovação no setor, assim como modernizar nossa centenária instituição.
Além disso, enxergamos no ecossistema de inovação nacional pouca interação entre os hubs de diferentes regiões do país. Nossa proposta é ser um Hub verdadeiramente nacional, conectando não apenas startups, grandes empresas, investidores, governo e institutos de pesquisa, mas também os diversos hubs regionais. Só assim as startups brasileiras vão se fortalecer para triunfar também no mercado internacional.
Em relação aos desafios, certamente um dos mais importantes é saber identificar startups com grande potencial e que genuinamente tenham projetos que tragam benefícios para o agro, meio ambiente e a sociedade como um todo. Atualmente temos 40 startups no nosso portfólio e tenho orgulho em dizer que todas elas se enquadram nessa descrição.
Scigliano : As startups no Agro enfrentam uma diferenciação única em relação a startups comuns. Por exemplo, enquanto uma startup comum pode realizar diversos testes em um dia, a depender do modelo de negócios, uma agritech acaba por conseguir realizar testes reais apenas 1 ou 2 vezes por ano safra. Como você enxerga o SNASH nesse ambiente de agritechs, de que maneira vocês impactam as startups e quais os objetivos de curto e longo prazo do hub para com as agritechs?
Alvarenga: Nosso objetivo é verdadeiramente ajudar as startups. Para fazer parte do SNASH, não há nenhum custo. Cobramos delas apenas consultorias com o corpo técnico especializado da SNA ou outros serviços específicos.
Ajudamos as startups principalmente com conexões em toda a cadeia do agro: produtores rurais, grandes empresas, cooperativas, órgãos governamentais. Também disponibilizamos infra estrutura física subsidiada em nossa sede no Rio de Janeiro e, em breve, também em São Paulo. Como eu citei antes, oferecemos consultoria e mentorias com especialistas da SNA, além de outras instituições parceiras. Além disso ajudamos com divulgação em nossos meios de comunicação impressos e on-line.
A Faculdade SNA Digital também apoia o projeto, disponibilizando sua plataforma para que as Startups se capacitem ou eventualmente ofereçam cursos que produzam.Temos ainda uma pequena área rural de 15 hectares dentro da cidade do Rio de Janeiro, que pode ser usada de farmlab. Por fim, mas não menos importante, ajudamos as startups na captação de recursos financeiros, seja pela nosso braço Investnova, que investe recursos próprios ou coinveste com outras instituições, seja indicando para plataforma de crowdfunding ou fundos de venture capital parceiros.
Scigliano : Quais critérios e como foram as etapas para vocês convidarem as startups a fazerem parte do SNASH? O que você viu na IMBR Agro para nos convidar a ser uma das primeiras agritechs a fazer parte do HUB?
Alvarenga: O SNASH aceita startups em todas as fases de vida, desde a ideação até as mais estruturadas. Naturalmente, damos enfoque a AgTechs, ClimaTechs, GreenTechs, FoodTechs e EduTechs, mas se houver uma outra Startup que julgamos ser muito promissora ou queira expandir seu business para o agro, também podemos incluir. Para que seja aceita, a startup precisa ter um business plan estruturado, o negócio seja escalável, tenha elementos de tecnologia e inovação e resolva ou pretenda resolver alguma questão relevante. Verificamos também a experiência e capacidade do time e o tamanho do mercado que está inserida.
A IMBR Agro foi selecionada principalmente por identificarmos no time de fundadores muito potencial e comprometimento. Além disso, o produto que vocês nos mostraram à época resolvia uma dor relevante do mercado de seguro rural. E o fato de vocês estarem desenvolvendo o algoritmo desde a época da faculdade traz um appeal extra ao negócio.
Scigliano: Com o SNASH, você lida diariamente tanto com as agritechs e as grandes empresas. Como você enxerga essa relação atualmente, principalmente entre as agritechs que tenham um modelo B2B?
Alvarenga: O open innovation dentro das grandes empresas vem ganhando cada vez mais espaço e, na minha opinião, é algo que veio pra ficar. Não há nada mais eficiente para uma grande corporação do que usar as Startups como veículo de inovação para resolver suas dores ou expandir os negócios. O desafio é descobrir quais trarão os melhores resultados, e um dos principais objetivos do SNASH é ajudar as empresas nesse processo.
Scigliano : -Leonardo, obrigado pela conversa. Por fim, que balanço você faz após esses 6 primeiros meses de SNASH? Quais os próximos planos do SNASH que você possa nos dar algum spoiler?
Alvarenga: O balanço é bem positivo. Reunimos por volta de 40 startups de grande potencial no SNASH, fizemos 2 eventos de muito sucesso e investimos em startups de alta qualidade pela Investnova. Estamos fechando parcerias com plataformas de crowdfunding e fundos de venture capital para coinvestirmos ou apresentar startups que desejam captar. Vamos também anunciar como parceiros institutos de pesquisa renomados, e começamos a captar patrocinadores que queiram desenvolver open innovation nas instituições e se beneficiar do trabalho das startups do nosso hub.
Para conhecer um pouco mais do trabalho do Leonardo Alvarenga, você pode encontrá-lo no LinkedIn!