Lavouras começam a ser colhidas nas próximas semanas (Foto: Shuiterstock)
A safra de café, em Minas Gerais, está estimada em 29,9 milhões de sacas (60kg). Segundo levantamentos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), há um aumento esperado de 4,9% em relação à safra de 2023.
De acordo com o coordenador estadual de Cafeicultura da Emater-MG, Bernardino Cangussú, a maioria dos produtores do Estado inicia a colheita em maio, uma atividade que movimenta a economia de centenas de municípios mineiros.
“São aproximadamente 500 municípios, onde a cafeicultura é a principal atividade econômica. É o período de distribuir renda, porque o café emprega muita gente. Há famílias que obtêm quase toda a renda anual durante os meses colheita do café”, afirma.
A poucas semanas do início dos trabalhos no campo, a Emater-MG lembra aos produtores os cuidados necessários n período pré-colheita, que vão garantir a qualidade e um produto mais valorizado no mercado. “Esse preparo da colheita é uma operação logística bem complexa dentro da propriedade rural”, destaca Cangussú.
Segundo ele, durante a colheita, se utilizam vários equipamentos e espaços físicos e é preciso ter toda essa logística organizada com antecedência, tanto em relação aos equipamentos quanto ao pessoal que vai trabalhar na lavoura, que deve estar bem treinado.
O pesquisador destaca que uma das atividades fundamentais antes da colheita é a arruação, que consiste na limpeza da área próxima ou sob a saia do cafeeiro. “Para isso, o produtor pode usar um rastelo ou rodo de madeira, além de sopradores mecânicos. É importante não tirar o excesso de terra para não danificar as raízes do cafeeiro”, orienta.
Pontos de atenção
Dentre os procedimentos recomendados pela empresa na pré-colheita do café está a inspeção de instalações, que serão realizado em todo o processo, até o beneficiamento. As tulhas, por exemplo, não devem ser usadas na armazenagem de outro produto agrícola ou insumo, pois o café absorve outros odores com muita facilidade.
Já o terreiro, que ao longo do ano serviu para tantas outras finalidades, deve, nessa época, servir exclusivamente para secagem, para evitar a contaminação do café. “Ele deve ser bem varrido, lavado, desinfectado e cercado (se houver necessidade). Periodicamente, o terreiro deve passar por uma reforma para eliminar gretas, buracos e rachaduras. Uma boa alternativa para a restauração do terreiro é o uso da mistura de cal de reboco, areia fina e cimento”, sugere o pesquisador.
Segundo ele, um terreiro de secagem com gretas e rachaduras pode reter grãos que se deterioram e prejudicam a qualidade do café. “Se há buracos no terreiro, tem que reformar para não ter grãos que caiam naquele buraco. Esses grãos fermentam e contaminam todo o lote de café, que é muito sensível. Então tem que vistoriar tudo”, alerta.
O cafeicultor também precisa prestar atenção com o ponto ideal de maturação do café para iniciar a colheita. Quanto maior for o percentual de frutos cereja, melhor. A grande quantidade de grãos verdes vai gerar perdas de qualidade, comprometendo o sabor e o aroma. Já grãos secos, são mais sujeitos à ação de micro-organismos, que podem causar fermentação indesejada.
Ele informa que o produtor tem que acompanhar a lavoura permanentemente e dimensionar a mão de obra. Muitas vezes, a recomendação é começar a colher quando há somente 20% de grãos verdes e o restante maduro. Mas se o produtor não tem mão de obra suficiente, talvez ele tenha que iniciar a colheita um pouco antes e priorizar uma parte da lavoura.
”Então, tem que mapear o cafezal, de preferência com auxílio de um técnico, para aproveitar o melhor lote maduro, com o máximo de expoente de açúcar, de aromas e de sabores”, diz o coordenador da Emater-MG.
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Manual de orientações
A Emater-MG possui o Manual do Café – Colheita e Preparo que orienta o agricultor sobre os cuidados que devem ser tomados, desde a pré-colheita até o beneficiamento do produto. O material está disponível para consulta gratuita na Livraria Virtual do site www.emater.mg.gov.br ou clicando neste link.
Além das orientações pré-colheita, o Manual do Café – Colheita e Preparo apresenta uma série de informações sobre os tipos de colheita (manual ou mecânica), recomendações para melhor desempenho das colhedoras, limpeza, transporte, métodos de secagem, armazenamento, beneficiamento, entre outras atividades.