Para a União Europeia, os embarques de suco de laranja totalizaram até o momento 635.602 toneladas, 25% a mais que o volume embarcado no mesmo período da safra anterior
As exportações totais de suco de laranja brasileiro registraram uma alta de 17% nos dez primeiros meses da safra 2019/20 em comparação com o mesmo período da safra anterior. Os dados são Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela CitrusBR. Ao todo foram embarcadas 914.287 toneladas ante 781.995 toneladas registradas no mesmo período da safra 2018/19. Em faturamento o aumento é de 4,5% com um total de US$ 1,525 bilhão ante US$ 1,458 bilhão na safra passada.
Para a União Europeia, os embarques de suco de laranja totalizaram até o momento 635.602 toneladas, 25% a mais que o volume embarcado no mesmo período da safra anterior, 508.811 toneladas. O faturamento somou US$ 1,069 bilhão, 12% acima dos US$ 951,6 milhões na safra passada.
Com destino aos Estados Unidos as exportações brasileiras fecharam com queda de 14% nos 10 primeiros meses do ano-safra, com volume de 147.693 toneladas antes as 171.352 toneladas no período anterior. Em receitas, as vendas foram de US$ 238,6 milhões, 22% de queda em comparação com os US$ 305 milhões em abril de 2019.
Mercados
“Temos visto algumas notícias sobre um forte aumento de consumo no mercado americano, mas ao que tudo indica, esse avanço que segundo relatórios internacionais teve início nas primeiras semanas de março, ainda não trouxe qualquer efeito sobre as exportações brasileiras para aquele mercado”, explica Ibiapaba Netto.
Segundo ele, a safra americana atual, iniciada em 1º de outubro de 2019 entrou com os maiores níveis de estoque de suco de laranja dos últimos cinco anos e, aparentemente, esse avanço no varejo tem consumido reservas locais. “Aumento de consumo é sempre uma boa notícia, mas no momento, olhando apenas os números não é possível identificar reflexos”, completa.
Os embarques de suco de laranja para o Japão também registraram alta entre julho e abril de 2020, em relação ao mesmo período do ano anterior. Nesta temporada, já foram exportadas para o país, 49.831 toneladas, 38% a mais que nos dez meses da safra 2018/2019, com 36.083 toneladas. O faturamento cresceu 27%, com US$ 88,5 milhões ante os US$ 69,6 milhões.
A China registrou alta de 36% nas importações de suco de laranja brasileiro no período, chegando ao volume de 37.132 toneladas ante 27.267 toneladas na safra anterior. Já em faturamento as exportações somaram US$ 51,8 milhões, recuo de 6% em relação ao mesmo período da safra anterior, quando as receitas foram de US$ 55,4 milhões.
Hábitos de consumo alterados
A crise gerada pela pandemia do novo coronavírus e as medidas de distanciamento social adotadas para frear a curva de contágio da doença tem provocado mudanças no hábito de consumo das pessoas. Essa tendência pode ser observada nos resultados dos balanços trimestrais de algumas empresas que possuem produtos posicionados para consumo dentro dos lares, numa clara inversão de tendência pré-pandemia.
Além do suco de laranja, que observa um crescimento vigoroso no varejo americano, outros produtos posicionados no café da manhã também mostram reação positiva ante a pandemia. Um exemplo é a marca de cereais, Kellogg’s, cujas vendas orgânicas cresceram 8% no primeiro trimestre de 2020, embalado pelas vendas a partir da segunda semana de março.
A PesiCo também viu suas receitas fecharem em US$ 13,88 bilhões, crescimento de 10%, impulsionado pelo armazenamento de bebidas (o que inclui sucos) e salgadinhos cujo consumo majoritariamente acontece dentro de casa. A Coca-Cola, por outro lado, viu uma demanda crescente nos supermercados e canais de comércio eletrônico por suas bebidas como Minute Maid e Simply Orange. “Esses números abrem uma nova interpretação para o comportamento do consumidor neste período”, explica o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.
“Temos a associação de dois fatores importantes neste momento: a presença da vitamina C em nosso produto e mais tempo para as pessoas tomarem café da manhã, algo que não vinha acontecendo antes da pandemia”, observa. “Se por um lado isso gera um questionamento sobre como será o comportamento do consumidor quando o isolamento social acabar ou mesmo diminuir, porém, ao mesmo tempo o suco de laranja foi apresentado para uma geração de consumidores que sequer tinham o hábito de tomar café da manhã o que consiste em uma grande oportunidade”, diz.