Produtores de alho de Santa Catarina já podem contar com sementes livres de vírus das variedades Ito, Caçador e Quitéria. O material disponível foi multiplicado pela Epagri no laboratório de cultura de tecidos vegetais e estufas da Estação Experimental de Caçador, e depois levado para uma área isolada a campo, em parceria com um produtor de Fraiburgo.
O alho é a principal cultura produzida por mais de 400 famílias catarinenses e responsável por boa parte da renda das pequenas propriedades. Segundo a Epagri, todo o alho cultivado em Santa Catarina e no Brasil está infectado por um complexo viral. Por ser multiplicado vegetativamente, os bulbilhos-sementes transmitem o vírus de uma lavoura para a outra, prejudicando as cultivares de desempenharem todo o seu potencial produtivo.
Ganho de produtividade
Para validar a tecnologia, o desempenho das sementes livres de vírus a campo foi comparado ao das variedades existentes. Segundo o engenheiro agrônomo da Epagri em Curitibanos, Marco Antônio Lucini, no primeiro ano de multiplicação o ganho médio de produtividade foi de 20%. Nas unidades de observação, a cultura alcançou produtividade de 15 toneladas por hectare, contra a média de 12 t/ha, obtida pelas lavouras com melhor rendimento na região. Os interessados no alho-semente devem entrar em contato com o engenheiro agrônomo Anderson Luiz Feltrin (49) 3561-2000/14.
Mercado aquecido
Marco Antônio Lucini acredita que quando o produtor conseguir produzir 15t/ha, o alho nacional será competitivo com o produto importado da China e da Argentina. Isso porque a qualidade da semente era o maior obstáculo para a obtenção de uma produtividade superior.
Quem dita os preços no mercado mundial é a China, que este ano terá queda de 25% a 30% na produção, em decorrência de problemas climáticos. A Argentina, segundo fornecedor, também diminuiu sua área plantada em função de resultados negativos na safra anterior. O mesmo ocorreu no Cerrado brasileiro, maior produtor nacional, que reduziu em 1.000 hectares a área plantada. Por isso, a expectativa é de que os preços do alho tenham tendência de alta no mercado nacional, pelo menos até meados de 2013.
Lucini alerta que cabe agora aos produtores catarinenses fazerem o “dever de casa”, plantando alho-semente sadio para colher bulbo graúdo, preparar bem o produto, ter padrão, qualidade e vender de forma organizada diretamente aos centros distribuidores nacionais, agregando valor ao produto.