O sebo bovino pode aumentar sua participação — hoje em torno de 9% a 15% — como matéria-prima para a produção brasileira de biodiesel, apesar do mercado pouco organizado e da falta de informações sobre as transações entre os fornecedores e as plantas produtoras. O economista Gabriel Levy, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), lembra que o Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo e que o sebo bovino tem baixo preço e 93% de aproveitamento na produção de biodiesel.
O pesquisador lembra ainda que o sebo não concorre com a produção de alimentos, como é o caso da soja, cujo óleo responde por cerca de 80% da produção de biodiesel. Ele também ressalta que o aproveitamento do sebo para a produção do biocombustível, aliado ao uso pela indústria de sabão, cosméticos e ração animal, evita o descarte desse subproduto no meio ambiente e suas consequências, como a contaminação do solo e lençóis d´água.
Entretanto, a produção de biodiesel com sebo bovino apresenta problemas na aquisição da matéria-prima, pela falta de coordenação na cadeia produtiva entre frigoríficos/graxarias e usinas de biodiesel. “A falta de um mercado organizado traz problemas referentes às oscilações do preço deste produto, bem como sobre a qualidade da matéria-prima, constituindo-se um ponto relevante, visto que um material de má qualidade pode implicar na geração de custos adicionais aos produtores de biodiesel, pela necessidade de tratamento do sebo e purificação dos resíduos pelas usinas. A maior consequência do problema referido é a geração de um combustível de má qualidade”, explica.
Baseado em pesquisa orientada pela professora Marcia Azanha F. Dias de Moraes, o estudo multicaso junto a oito usinas de biodiesel que usam sebo bovino, Gabriel Levy conclui que a integração vertical é a estrutura que melhor se adapta a essa cadeia produtiva, tanto para garantir a criação de normas técnicas que atestem a qualidade da matéria-prima, como para estabilizar seu preço.