A safra de trigo em 2011, em áreas irrigadas com pivô central, no Distrito Federal, Minas Gerais e em Goiás acompanhou a redução de produtividade verificada em todo o país. Em comparação à safra anterior, a produtividade foi 10% inferior, embora algumas lavouras tenham alcançado em torno de 115 sacos por hectare com a cultivar BRS 264, quando a média foi de 90 sacos por hectare. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a produção nacional deverá ser de 5.129,9 mil toneladas, 12,8% menor do que a colhida em 2010.
A área total cultivada com trigo irrigado no Distrito Federal, Minas Gerais e em Goiás também teve uma redução neste ano. Em relação a 2010, a cultura foi plantada em menos 20% das áreas. As condições climáticas favoreceram o bom desenvolvimento das plantas de trigo na região do Brasil Central. “A maioria das lavouras foi colhida no período seco, sem a ocorrência de chuvas, o que favoreceu a qualidade dos grãos e, consequentemente, favoreceu a comercialização. Os produtores estão vendendo a sua produção entre R$ 37,00 e R$ 42,00 por saco de 60 kg”, explica o pesquisador da Embrapa Cerrados Júlio Cesar Albrecht.
As cultivares BRS 264 e BRS 254 são indicadas para região do Cerrado do Brasil Central, que compreende os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Bahia e o Distrito Federal. Atualmente, 90% da área plantada com trigo irrigado nessa região utiliza as variedades lançadas pela Embrapa. As unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Cerrados e Embrapa Trigo são as responsáveis pelo desenvolvimento do programa de melhoramento do trigo.
Somado à boa produtividade, o trigo produzido na região é todo de alta qualidade, comparável ao das melhores regiões produtoras do mundo, como o Canadá. Todas as variedades plantadas no Cerrado são de trigo pão e melhorador, conforme a demanda da indústria moageira. “No Brasil, o trigo de melhor qualidade industrial é o do Cerrado, em função de sua alta força de glúten e estabilidade”, acrescenta o pesquisador.
Menos perdas
O ataque de pragas e doenças não foi significativo nesta safra, o que contribuiu para a produtividade e a qualidade do trigo nessa região. Dessa forma, muitos produtores conseguiram chegar até o final do ciclo com apenas duas aplicações de fungicidas e duas de inseticida, o que baixou os custos das lavouras.
A brusone continua sendo a doença que mais causa prejuízos na triticultura do Cerrado. Segundo o pesquisador da Embrapa Cerrados, no caso do plantio do trigo irrigado, a doença se agrava com a ocorrência de chuvas no estágio de espigamento. Isso diminui consideravelmente a produtividade da lavoura e a qualidade de grãos. Os grãos infectados apresentam-se enrugados, pequenos, deformados e com baixo peso específico. Para as lavouras permanecerem livres desta doença, os tratamentos com fungicidas, indicados pela pesquisa, devem ser preventivos.
A Embrapa possui projetos em andamento que visam identificar fontes de resistência à brusone, mas ainda não foram desenvolvidas cultivares resistentes ao fungo Pyricularia grisea, causador da doença. Experimentos em rede estão sendo desenvolvidos em Planaltina-DF, Dourados-MS e Londrina-PR. Nos campos experimentais da Embrapa Cerrados, em Planaltina-DF, estão sendo testados vários genótipos anualmente. O objetivo é selecionar materiais que apresentem baixo nível de incidência da doença.