O potencial de utilização de espécies nativas nos sistemas de produção, nas diversas regiões do Brasil, é assunto bastante frequente nos meios de pesquisa, acadêmico e rural. Existem boas perspectivas de comercialização de frutas nativas, principalmente em nichos de mercado ávidos que buscam novidades, especialmente em grandes centros. No entanto, na prática são poucos os resultados positivos e promissores.
Isso se deve, em grande parte, à falta de conhecimento sobre as espécies nativas de modo geral.
Quando a finalidade é a exploração econômica, alguns fatores devem ser considerados, entre eles a busca de um método adequado de propagação de propagação vegetativa, visando à formação de pomares uniformes e de qualidade. Um dos principais fatores que garantem o sucesso na produção de frutas é a qualidade das mudas utilizadas na implantação de um pomar.
A produção de mudas de qualidade depende de cuidados que vão desde as instalações até a obtenção do material adequado, além da execução correta das práticas recomendadas para cada espécie.
Na fruticultura comercial, o processo de produção de mudas, em geral, é realizado por propagação vegetativa assexuada ou clonal, que pode ser realizada por meio de diversos métodos, sendo a enxertia e a estaquia os principais. A propagação vegetativa tem por objetivo multiplicar plantas com a garantia da manutenção das suas características agronômicas, como a qualidade de fruto e resistência a doenças. Entretanto, permanecem as mesmas necessidades climáticas e de solo, nutricionais e de manejo, o que é de extrema importância na formação dos pomares economicamente rentáveis. Em alguns casos, as mudas podem ser produzidas por sementes. Porém, embora esse método tenha sido muito usado no passado, atualmente, o seu uso é restrito em espécies comerciais, quase que exclusivamente para obtenção de porta-enxertos, também conhecidos como “cavalos”.
A propagação por sementes também é utilizada para plantas que não podem ser multiplicadas por outro meio e que a semente é a única forma viável de propagação, como é o caso do mamoeiro e do coqueiro, entre outras.
Pode ser utilizada ainda para formar mudas de espécies que suportam bem a propagação sexuada, conservando suas características, como é o caso do maracujá; e também no melhoramento genético, com a finalidade de criar novas cultivares. Da mesma forma, é utilizada na propagação por sementes em estudos com espécies em fases iniciais de exploração, como é o caso das fruteiras nativas, em sua grande maioria.
Para diversas espécies nativas são conhecidos trabalhos de seleção de matrizes com excelentes características agronômicas, e que poderiam viabilizar o início de cultivos. Entretanto, algumas medidas são necessárias para que essas frutíferas sejam introduzidas nos sistemas de produção. Uma das mais importantes é a oferta de mudas uniformes e de qualidade, o que implica no desenvolvimento de tecnologia para a propagação vegetativa de matrizes selecionadas.
Embora na fruticultura comercial praticamente todas as cultivares plantadas são propagadas vegetativamente, quando se trata de nativas, um método eficiente de propagação é uma das principais dificuldades para que se possa iniciar o seu cultivo com sucesso. Mesmo para algumas espécies nativas para as quais já se conhece um método de propagação vegetativa eficiente, é necessário ampliar os estudos, de modo que a técnica possa ser difundida entre os viveiristas produtores de mudas.