Estudos desenvolvidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) contribuem na certificação de flores tropicais em Minas Gerais, primeiro estado a atestar produção orgânica. A Fazenda Flor de Corte, localizada em Jaboticatubas, região Central, foi a primeira propriedade do país a receber esta certificação.
A certificação, concedida em abril deste ano pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), considera como principal característica da produção orgânica, a ausência de resíduos de agrotóxicos, adubos químicos ou substâncias sintéticas que agridam o meio ambiente e a saúde do consumidor.
Para Valdeci Verdelho, proprietário da Agrofloraverde, produzir flores orgânicas é uma forma de valorizar atitudes em benefício do planeta. “Não utilizamos adubos químicos, nem agrotóxicos.
A nutrição das plantas é feita por meio de adubação verde, compostagem e outros ingredientes naturais permitidos pela legislação de orgânicos no Brasil. No controle de pragas e doenças o manejo é feito utilizando técnicas de prevenção e produtos permitidos no cultivo orgânico”, diz.
Ele conta que conheceu estudos desenvolvidos no Núcleo Tecnológico EPAMIG Floricultura, em São João del-Rei em 2011 e, a partir dessas informações, decidiu enveredar-se no cultivo de flores orgânicas. “Em 2012 começamos a plantar flores tropicais e folhagens e agora estamos desenvolvendo o projeto para orquídeas, que pretendemos cultivar a partir do próximo ano”, comemora.
De acordo com a pesquisadora da EPAMIG, Lívia Carvalho, o sucesso do manejo de pragas no cultivo de flores tropicais depende da correta identificação das pragas presentes na área e do uso de diferentes estratégias de controle visando reduzir o impacto negativo causado pelas mesmas. Ela explica que é necessário fazer monitoramento semanalmente para a identificação precoce de pragas e doenças. “Pragas como pulgões e moscas-brancas podem ser monitoradas através da utilização de armadilhas adesivas amarelas que devem ser colocadas uma em cada 200m2 na altura do topo da planta e em áreas de risco maior de infestação, como bordas dos cultivos, próximos a entrada ou nas aberturas de ventilação das casas de vegetação”, explica.
Ela afirma que o controle alternativo pode ser feito por meio de podas e destruição de partes mais afetadas da planta. Outra alternativa apontada pela pesquisadora é o uso de embalagens de TNT para proteger as flores do ataque de pragas como a abelha irapuá. “Recomenda-se proteger as flores logo que estejam formadas, antes do início da abertura floral e antes que ocorra o ataque da abelha. A embalagem deve ser colocada cobrindo toda a flor e prendendo a parte inferior com grampo ou arame, para que a mesma não se solte da haste das flores”, recomenda.
Flores em Minas
Minas Gerais destaca-se como grande produtor de flores de corte, plantas ornamentais e flores secas. De acordo com a pesquisadora da EPAMIG, Elka Fabiana, a produção integrada de flores é uma opção inovadora que proporciona benefícios a curto e longo prazos para os produtores, consumidores e principalmente para o ambiente. “Além dos aspectos inerentes à redução de adubos químicos, a produção integrada envolve a organização da propriedade, o que possibilita a rastreabilidade das flores e plantas cultivadas e abre novas oportunidades de vendas e novos mercados ainda inexplorados, principalmente no mercado externo que valoriza as flores tropicais”, afirma. Segundo a pesquisadora, flores contaminadas com pesticidas químicos, mesmo não sendo ingeridas, podem ser prejudiciais à saúde. “O contato com a pele pode ser uma via de contaminação dos funcionários de campo, dos lojistas que preparam os buquês e arranjos e do consumidor final”, orienta.
As flores tropicais constituem um grupo de espécies mais resistentes a pragas e doenças e muitas delas nativas do Brasil, o que favorece o desenvolvimento e a produção de qualidade com práticas menos agressivas ao homem e ao ambiente quando comparado com espécies exóticas como rosas, lírios, crisântemos e outras espécies de clima temperado que, por não serem nativas, apresentam maior suscetibilidade aos agentes fitopatogênicos.