Estudo mostra os benefícios de se combater a doença de maneira conjunta e coordenada. Entidade auxilia formação de grupos em todo o Estado
Estudo desenvolvido pelo Fundecitrus mostrou que o manejo regional, realizado em conjunto por propriedades vizinhas, é mais eficaz que o manejo local, restrito a apenas um pomar.
O experimento, iniciado em 2005, trabalhou com duas situações diferentes na região de Araraquara: um pomar recém-plantado cercado por pomares que realizam o controle do vetor e a eliminação de plantas com sintomas de greening; e outro pomar jovem cercado por pomares comerciais com alta incidência da doença.
Em ambos os casos, o estudo avaliou diferentes frequências de eliminação de plantas doentes e de pulverizações para o controle do inseto transmissor da doença, o psilídeo Diaphorina citri.
Segundo o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi, responsável pelo estudo, na área experimental onde foi feito o manejo regional, a doença apareceu um ano mais tarde do que na área somente com controle local e cercada por pomares sem controle do greening.
Outros benefícios do manejo regional do greening apontados pelo estudo foram a redução da população de psílideos, principalmente os infectivos, ou seja, aqueles capazes de transmitir o greening, e a redução da incidência da doença, que foi 15 vezes menor.
Após quatro anos do plantio do experimento, 44% das plantas das parcelas com apenas controle local do greening apresentaram sintomas da doença, enquanto apenas 3% se tornaram sintomáticas nas parcelas localizadas sob manejo regional.
O estudo mostrou ainda que o controle local reduz significativamente as infecções secundárias, que acontecem dentro da própria propriedade, porém não consegue combater, de maneira efetiva, as infecções primárias pelos psilídeos que chegam da vizinhança.
O manejo local pode não ser suficiente para controlar a doença se existirem fontes de inóculo (plantas doentes e psilídeos infectivos) próximas. “Por isso, o manejo regional se torna essencial para uma política eficaz no combate ao greening”, enfatiza Bassanezi.
A pesquisa sobre as diferenças entre o manejo local e o manejo regional do greening foi realizada pelo Fundecitrus, com apoio da Fapesp, FCPRAC (Flórida), CNPq e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Na prática
Para tornar o manejo do greening cada vez mais eficiente, o Fundecitrus, por meio de sua equipe de conscientização, organizou grupos de citricultores paulistas. Atualmente, são 110 alianças distribuídas por todo o parque citrícola de São Paulo. Um exemplo de sucesso é o trabalho que um grupo, com aproximadamente 36 citricultores, vem fazendo na região de Mogi Mirim (SP).
Arnoldo Mielke, Miguel Bernardi e João Luiz Salani, integrantes do grupo, contaram que o apoio do Fundecitrus foi fundamental para unir os citricultores da região. “Às vezes, tínhamos algum atrito com um vizinho quando falávamos que era preciso erradicar plantas doentes. O auxílio do Fundecitrus foi fundamental para reverter esse problema”, diz Mielke.
Os produtores começaram a trabalhar logo quando os primeiros conhecimentos sobre o manejo da doença surgiram, pois já participavam de uma associação de produtores rurais do bairro da Piteira, em Mogi Mirim, onde estão as propriedades. “Após recebermos as orientações do Fundecitrus, de como fazer para não deixar a doença se espalhar, começamos a procurar nossos vizinhos para conversar”, relatam.
O trabalho começou com a realização de palestras sobre o tema e capacitações para combater a doença. Aos poucos, foram surgindo lideranças locais. Juntamente com os engenheiros do Fundecitrus, os citricultores começaram a ir de propriedade em propriedade convidar os citricultores para participar de palestras, reuniões e desenvolver ações conjuntas.
Um exemplo são as pulverizações para o controle de psilídeo: todos os pomares são pulverizados na mesma semana. “Com ações efetivas no campo como as inspeções, erradicações e controle do inseto, conseguimos controlar o greening”, afirma Mielke.