No período das chuvas é que aparecem os problemas de infraestrutura, de escassez de investimentos em logística e da má conservação de estradas. No estado do Mato Grosso, a má conservação de estradas e pontes está inviabilizando o transporte de animais nas principais regiões produtoras de proteína vermelha. Os prejuízos atingem pecuaristas, frigoríficos e motoristas, que acumulam atrasos nas entregas, perdas com qualidade de carcaça dos animais, danos aos veículos e descumprimento de prazos.
Trechos intrafegáveis
Produtores têm reclamado à Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) que não houve um reparo nas rodovias e nas pontes antes do período de chuvas e agora existem trechos intrafegáveis. As chuvas se intensificaram a partir de dezembro de 2012 e desde então as estradas estão se deteriorando e impossibilitando a passagem principalmente de carretas. O representante da Acrimat na região de Vila Rica (1.300 km da Capital), Eduardo Ribeiro da Silva, relata que não há uma política de conservação e reparos nas estradas e, assim, as chuvas acabam atrapalhando o escoamento da produção, seja agrícola ou pecuária.
Prejuízos
Os prejuízos não são restritos aos pecuaristas. O vice-presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT), Paulo Tadeu Bellincanta, explica que a indústria é uma extensão da criação e os danos aos pecuaristas também são refletidos no beneficiamento da carne. Bellincanta conta que as perdas vão desde a redução do peso do animal devido ao tempo de transporte, queda na qualidade da carcaça, decorrente de possíveis machucados e hematomas causados durante o trajeto, e até mesmo com relação ao cumprimento de prazos de entrega para clientes e custos com horas extras.
Luiz Fernando Conte é pecuarista em Juara, na região do Arinos, e revela que para entregar um lote em Sinop, que fica a 300 km da cidade, está gastando cerca de 20 horas, sendo que em boas condições este mesmo percurso não passaria de seis horas de viagem. “A situação é das piores possíveis. Há locais em que os caminhões não conseguem passar e precisam ser rebocados por tratores. Ficam parados à espera de ajuda para passar pelos atoleiros”.
Falta de condições das estradas
Em Alta Floresta (800 km ao Norte do Estado) a situação não é diferente. O representante da Acrimat na região, Celso Bevilaqua, afirma que há muitos problemas por falta de condições das estradas. Ele conta que no percurso entre Alta Floresta e Colíder carros pequenos estão levando cinco horas em vez de duas horas usuais. “Nunca vimos uma situação como a deste ano. Os produtores estão se unindo para alugar máquinas para amenizar os problemas nas estadas. Não podemos mais esperar iniciativa do poder público, porém continuamos a pagar os impostos”.
O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, afirma que ano após ano os pecuaristas reivindicam a manutenção das rodovias e das pontes para evitar que no período de chuvas haja a formação atoleiros, queda de pontes e quebra de caminhões, mas que os pedidos não são atendidos e os prejuízos ficam na conta de quem produz.