Bom Jesus do Itabapoana, na região Norte do Estado do Rio de Janeiro, terá sua primeira fábrica de óleos naturais graças ao esforço conjunto de produtores, técnicos, empresários e pesquisadores da Embrapa, Pesagro e Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Eles organizaram-se para revitalizar a cadeia produtiva do maracujá na região, do campo à agroindústria, otimizando recursos e aproveitando as oportunidades de negócios. A Extrair Óleos Naturais é fruto desse trabalho e foi recentemente inaugurada com a perspectiva de produzir 600 litros de óleo de semente de maracujá por dia. O produto tem como destino a indústria de cosméticos.
O óleo da semente de maracujá tem propriedade hidratante e aroma característico e pode ser incorporado em cremes, shampoos e sabonetes. A fábrica, dirigida pelo engenheiro agrônomo Sandro Reis, recebeu orientação técnica da UENF e da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ), financiamento de R$ 190 mil da Faperj e apoio da prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana. Sandro e o sócio investiram R$ 60 mil de recursos próprios.
De acordo com Sergio Cenci, pesquisador da Embrapa e coordenador do projeto APL-Maracujá, a ideia da fábrica surgiu da necessidade de dar destino aos resíduos das indústrias de suco e polpa de fruta. “O processamento de uma tonelada de maracujá gera 700kg de cascas e sementes. Se não forem aproveitados, tornam-se passivos ambientais”.
Dois produtos
Na fábrica, enquanto unidade-modelo, o processamento das sementes dará saída para dois produtos: óleo para a indústria de cosméticos e torta (bagaço resultante da prensagem da semente) para incorporação em rações para o gado leiteiro.
A UENF trabalha para dar destino à casca do maracujá, que é rica em pectina e fibras. Os pesquisadores já chegaram a uma farinha que pode ser incorporada à dieta humana. O processamento está em vias de obter patente.
Sandro estava ligado a uma cooperativa de álcool e biodiesel quando participou de um congresso sobre óleos em Lavras (MG). Foi o bastante para fazer a conexão entre o potencial da região e a oportunidade de negócio. Pesquisou na internet e encontrou informações sobre o projeto APLMaracujá. Há mais de três anos acompanha os avanços do projeto e, assim, decidiu apostar no empreendimento.
“Começamos essa história junto com produtores, pesquisadores e empresários então temos compromisso com toda a cadeia produtiva. A indústria de sucos e polpa passou a ganhar com a venda das sementes para nós, então, ela tem que repassar parte desse ganho para os produtores também. Todos estão sendo beneficiados com esse arranjo”, frisou Sandro.
Para suprir a demanda da fábrica de óleos, as sementes estão sendo compradas das indústrias de sucos e polpas do Rio e do Espírito Santo.