A demanda interna continuará sustentando a oferta de carne bovina brasileira em 2011 já que o cenário mundial deve manter a tendência de queda de consumo apresentada neste ano. As perspectivas do mercado pecuário até 2012 foram destaques do PecForum – Fórum Internacional de Pecuaristas, realizado no final de novembro, em Uberlândia (MG).
“Essa previsão se deve a dois motivos: a valorização do real frente ao dólar e a estagnação do consumo de carne bovina na União Europeia, EUA, Rússia, principais compradores do produto brasileiro. Já que não há movimentos de abertura de novos mercados e as exportações tendem a se manter na casa de 2 milhões de toneladas embarcadas e receita total de 4 bilhões”, afirma Paulo Roberto Molinari, diretor do Grupo Safras & Mercado.
O especialista também prevê que entre abril e outubro do próximo ano haja uma rigorosa estiagem em todo País devido os efeitos do fenômeno La Niña. Caso se confirme, esse fato certamente comprometerá a produção a pasto, mas poderá significar maior número de animais confinados na entressafra.
“Em 2010, o confinador aproveitou os bons preços praticados no mercado em outubro e novembro. A cotação deve se estabilizar no início de 2011 em R$ 95,00 nas praças paulistas e na entressafra atingirá R$ 100,00. Apesar do possível aumento dos custos de produção, devido à baixa oferta de milho na safra de verão e safrinha, engordar o boi no cocho ainda será rentável”, observa Molinari.
Na visão do profissional, no entanto, um fator preocupante é a estagnação mundial da produção pecuária nos últimos anos, já que até 2050 estimativas da FAO apontam que a população mundial crescerá no período 50% (9 bilhões de habitantes).
“Há décadas a pecuária brasileira está perdendo espaço para as culturas de cana de açúcar, soja e milho. Os pecuaristas têm como desafio adotar novas medidas para ampliar a produtividade e, ao mesmo tempo, suprir a falta de animais que afetam países como a Argentina, Uruguai e Austrália”, analisa.