Rebanho mantido nos currais e piquetes aumentou 20%
Iniciado o período das águas, os pecuaristas de Minas Gerais que mantiveram bois em confinamento durante a seca de 2011 estão levando o gado gordo para os abatedouros. Neste ano, cerca de 400 mil animais (volume 20% superior ao de 2010) ficaram nos currais ou piquetes durante um período de até três meses para cada lote, recebendo alimento e água, informa a Emater-MG, vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
“Os animais de confinamento oferecem carne em quantidade e com a qualidade exigida pelos frigoríficos e os consumidores, um produto muito valorizado”, diz o coordenador estadual de Bovinocultura da Emater, José Alberto de Ávila Pires.
Ele estima que pelo menos 90% dos bois confinados em Minas neste ano já foram oferecidos no mercado. Segundo o balanço realizado pela Emater, o volume total de animais preparado à base de ração deve possibilitar o aproveitamento de 80 mil toneladas de carne. Este volume é suficiente para o abastecimento de 6,7 milhões de pessoas em quatro meses, consumindo cada uma a média de 12 quilos.
O agrônomo Renato de Assis Porto de Melo, assessor técnico do programa Minas Carne, criado pela Secretaria da Agricultura, também ressalta a importância do confinamento de bovinos e diz que os produtores estão aderindo ao sistema com profissionalismo. “Eles fazem altos investimentos principalmente na compra de ração para os animais confinados e, por isso, sempre têm a expectativa de obter uma remuneração melhor ao vender esse gado do que obteriam com a comercialização de animais engordados no pasto”, explica.
A arroba do boi, comercializada atualmente em Minas Gerais por cerca de R$ 100, tem apresentado cotações crescentes desde janeiro. Segundo análise da Subsecretaria do Agronegócio da Secretaria da Agricultura, no período de janeiro a outubro de 2011, o preço médio subiu 19,92%. Há sinais de que a tendência de alta seguirá até janeiro/fevereiro.
De agora em diante, acrescenta o assessor da secretaria, a procura pela carne deve aumentar, sendo a oferta quase exclusivamente do produto de confinamentos. Começa um novo ciclo de engorda de animais centralizado nos pastos que já apresentam sinais de recuperação.
Números positivos
Considerado um dos pioneiros do confinamento de bois no Brasil, o pecuarista Adalberto José de Queiroz, do município de Frutal (Triângulo Mineiro), manteve em currais, desde março, um total de 12 mil bois e ainda conta com 25% desse plantel. Para o produtor, os resultados deste ano foram positivos porque ele conseguiu fechar bons contratos de venda a termo, isto é, comercialização dos animais à base de acertos que independem dos preços praticados geralmente pelo mercado. Predominam nas negociações as condições dos animais oferecidos, o cumprimento de prazos e outros aspectos. “Estamos entregando boi por R$ 98,50 a arroba e um mês atrás vendíamos por um preço acima da cotação atual do mercado”, enfatiza.
Queiroz ressalta que o confinamento é uma prática rentável sobretudo para os produtores que cuidam bem da gestão do negócio. “É necessário aproveitar bem as oportunidades para vender o boi gordo e também para comprar os bezerros que iniciarão um novo ciclo nos currais ou piquetes”, esclarece. O pecuarista observa que vem aprimorando o confinamento desde 1979, quando adotou essa alternativa de manejo do gado utilizando apenas cem bois. No ano seguinte engordou mil animais e depois continuou expandindo a produção.
Para 2012, Queiroz confirma que vai trabalhar com 40 mil bois, pois em sua opinião a engorda de um grande volume de animais possibilita renda ao produtor inclusive nos períodos de baixa cotação da carne. “Principalmente quando se pode contar com uma boa safra de milho no estado, como a estimada para 2012, e a possibilidade de produzir na propriedade uma parte dos componentes da ração”, finaliza.
Cenário do boi
Dados da Emater mostram que, em Minas Gerais, um grupo de 63 produtores trabalha com plantéis confinados de mil a cinco mil cabeças, respondendo por 56,5% dos animais dentro do sistema. Para completar a oferta da carne confinada no Estado, há um contingente de 658 pecuaristas que trabalham na faixa inferior a 150 e até mil bois. De acordo com Ávila Pires, a presença desse número de pequenos produtores é um bom suporte à atividade, que garante o abastecimento do mercado interno em extenso período, possibilitando a oferta de carne bovina de qualidade a preços estáveis.