A identificação da relação entre as bactérias do gênero Wolbachia e parasitas comuns nos ruminantes, como moscas e carrapatos, pode contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de controle parasitário que reduzam a utilização de pesticidas na pecuária. Assim, será possível produzir alimentos mais seguros para a população, com menos resíduos, e diminuir as barreiras sanitárias determinadas pela presença de contaminantes pesticidas nos alimentos de origem animal.
Pioneirismo
Este trabalho de pós-doutorado da pesquisadora Lea Chapaval, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) nos Estados Unidos colocará a Embrapa entre as instituições pioneiras no Brasil nos estudos de controle biológico por meio de bactérias e insetos que se relacionam por simbiose, especialmente as bactérias do gênero Wolbachia. Esses organismos infectam alguns dos principais parasitas dos animais ruminantes, como a mosca-dos-chifres, a mosca-das-bicheiras e os carrapatos de bovinos.
Mosquito da malária
Nos Estados Unidos, a pesquisadora irá estudar a infestação de mosquitos da malária por Wolbachia, foco do trabalho de sua orientadora, a cientista Sara Lustigman, Ph.D. em parasitologia molecular. Segundo LeaChapaval, o objetivo é trazer as técnicas lá utilizadas e adaptá-las para carrapatos e moscas no Brasil. Com essa caracterização inicial será possível identificar, no futuro, linhagens promissoras de Wolbachia para o controle de parasitas na pecuária e definir novas estratégias de controle integrado.
Durante três meses a pesquisadora será orientada por Sara Lustigman em uma parceira entre o The Johns Hopkins Hospital e o New York Blood Center (Centro de Sangue de Nova York). Fundado em 1889, o Johns Hopkins é um dos hospitais mais renomados nos EUA, e foi pioneiro na combinação de atendimento a pacientes, pesquisa e ensino.
Apesar de possuir o maior rebanho comercial do mundo, com mais de 200 milhões de cabeças de gado, o Brasil enfrenta problemas de aceitação de sua carne em outros países, principalmente por fatores ligados à sanidade dos animais. “A presença de endo e ectoparasitas está ligada ao menor ganho ou à perda de peso, além da predisposição a outras doenças. Tudo isso gera perdas econômicas, que podem ser evitados com o controle de verminoses”, afirma Lea.