A utilização do esterco proporciona melhor desenvolvimento da pupunheira, mas a implantação da cultura em regiões secas requer irrigação plena
Nativa da região Amazônica, a palmeira pupunha vem sendo uma das alternativas para deter a extração ilegal do palmito juçara, em risco de extinção. Além de apresentar rusticidade, precocidade de colheita, alta produtividade e boa qualidade de palmito, características também encontradas nas palmeiras tradicionais, a pupunheira se multiplica pelo perfilhamento, ou seja, nascimento de novas mudas a partir da raiz, e rebrota após o corte, duas características que faltam ao palmito juçara.
“Devido à devastação das matas, o atual panorama deficitário de extração de palmito foi o que motivou a busca por novas formas de cultivo”, afirma Clovis Bissi Junior, autor da pesquisa que verificou desenvolvimento da pupunheira, em sua fase inicial de crescimento (um ano), sob diferentes formas de adubação, em regime de irrigação por microaspersão.
Pupunha com adubação orgânica
Orientado por Jarbas Honório de Miranda, professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB) da ESALQ, o experimento conduzido por Clovis verificou os níveis de desenvolvimento vegetativo da pupunheira durante um ano, sob fontes de adubação orgânica (com esterco bovino e suíno), além da mineral. A adubação com esterco de porco foi a que obteve melhor resposta em relação ao desenvolvimento vegetativo da pupunheira em termos de crescimento da planta, diâmetro do caule, tamanho da folha, espessura da raqui e maior número de folhas.
Bissi Junior ressalta que a aplicação da matéria orgânica no momento da implantação da cultura favorece o desenvolvimento radicular da pupunheira e as radículas são as maiores responsáveis pela absorção de nutrientes. Além disso, melhora a estrutura física do solo e otimiza a proliferação de microorganismos benéficos. “Melhorando a estrutura do solo, ocorreu melhor movimentação do ar, água e nutrientes do solo e troca catiônica”, explica.
Aumento de renda
“Para o pequeno produtor é uma forma de aumentar sua renda, devido à grande demanda nos mercados interno e externo”, afirma Clovis Bissi Junior. Segundo o pesquisador, a pupunheira produz o ano todo e inicia a produção, em média, após dois anos do plantio, enquanto o palmito juçara tem ciclo de 10 a 15 anos. Dependendo do espaçamento, pode ser uma lavoura mecanizada, ampliando assim as chances de se tornar uma cultura rentável e sustentável, já que poupa a extração do palmito juçara.
O pesquisador destaca que o cultivo da pupunheira apresenta certo grau de dificuldade pelo fato de a planta não apresentar clone com um crescimento ideal e uniforme para cada região. Além disso, a implantação da cultura em regiões secas requer irrigação plena, como foi conduzida em sua tese. “Ainda são necessários estudos mais aprofundados para o desenvolvimento de clones e melhoramento genético da espécie para que possamos ter uma produção mais uniforme”, comenta o agrônomo.
“A pesquisa poderá trazer benefícios para o setor, minimizando custos na produção e promovendo o aproveitamento de compostos que seriam despejados no ambiente, em rios e afluentes”, conclui Clovis.