Considerada uma das principais ameaças à fruticultura nacional e popularmente conhecida como a “febre aftosa” entre as moscas-das-frutas, a mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) vem colocando em risco as culturas e, consequentemente, as exportações brasileiras, com destaque para acerola, banana, caju, carambola, jambo, laranja, manga e tangerina.
Originária do Sul da Ásia e introduzida no continente americano pelo Suriname, em meados de 1975, a praga foi detectada na Guiana Francesa, em 1989, chegando ao município brasileiro de Oiapoque, no Estado do Amapá, sete anos mais tarde, e na cidade de Santana no ano de 2000, época em que o inseto se expandiu para diversas localidades da região Sul amapaense.
Riscos de propagação
Por causa do intenso tráfego das embarcações do Porto de Santana (AP) para o Baixo e Médio Amazonas, até as cidades de Belém (PA) e Manaus (AM), além dos voos diários que deixam Macapá rumo ao restante do País, a presença da praga nesta região traz riscos constantes de propagação do inseto para outras partes do Brasil. O principal temor, no momento, é que a mosca-da-carambola avance para as localidades produtoras de frutas, especialmente no Vale do São Francisco.
Em fevereiro de 2007, a mosca-da-carambola foi detectada no Distrito de Monte Dourado, em Almerim (PA). Em março do ano seguinte, a partir de uma ação conjunta entre Pará e Amapá, a praga foi erradicada daquela área.
Conforme o Ministério da Agricultura, “este fato é um exemplo típico de parceria, que pode se repetir em outras situações e em áreas do País, demonstrando possibilidade de erradicação da praga”. Sendo assim, “é fundamental reduzir e erradicar a mosca-da-carambola do Sul do Amapá e restringir sua localização, pelo menos, nos municípios do Oiapoque e Calçoene”.
Características
Para conseguir identificá-la, o Mapa informa que, na fase adulta, a mosca-da-carambola tem de sete a oito milímetros de comprimento, a parte superior do tórax é de cor negra, o abdome é amarelado e marcado por listras negras, que se encontram formando um “T”. A asa não tem faixa transversal, o mesonoto tem duas faixas longitudinais amarelas e o escutelo é amarelo.
Os adultos apresentam grande capacidade de voo e podem chegar a longas distâncias, principalmente em casos de falta de hospedeiros e/ou alimentos. Nesta fase de vida, a praga faz a postura nas espécies frutíferas. Consequentemente, suas larvas penetram no fruto e se alimentam de seu interior, podendo destruí-lo por completo.
Controle
Como alternativas de controle da mosca-da-carambola, o Ministério da Agricultura cita as seguintes ações:
- Não transportar frutas hospedeiras de regiões infestadas para outras regiões;
- Coletar e enterrar frutas hospedeiras caídas no solo;
- Tratamento químico do solo sob as plantas hospedeiras, visando à morte das pupas;
- Em ações de manejo integrado, considerar que os métodos devem ser planejados e executados para atingir não somente a mosca-da-carambola, mas todo o grupo de moscas-das-frutas;
- Aprimorar os métodos de controle biológico;
- Informar órgãos oficiais, tais como Superintendência Federal de Agricultura, Embrapa e Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária Federal, quando suspeitar da ocorrência da praga.
Projeto de erradicação
Para evitar a disseminação deste inseto para o restante do Brasil, o Ministério da Agricultura, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), elaborou um projeto para a erradicação da mosca-da-carambola. A proposta foi apresentada em Brasília, em agosto deste ano, aos membros da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa, Marcus Coelho ressalta que o objetivo deste trabalho é erradicar de vez esta praga do Brasil, especialmente nas fronteiras da região Norte. Ainda pretende acabar com os problemas de acesso aos novos mercados, já que a disseminação da mosca-da-carambola levaria ao fechamento dos principais mercados compradores de frutas do País.