A criação do selo “Carne Carbono Neutro” (CCN), registrado recentemente como patente brasileira junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), deve oferecer novos rumos às carnes bovinas frescas, congeladas e/ou transformadas, que são produzidas no Brasil. O anúncio foi feito por pesquisadores da Embrapa Gado de Corte (MS), durante evento realizado em Campo Grande, em junho de 2016.
“O selo poderá melhorar a visibilidade da carne brasileira em mercados mais exigentes, como o europeu, com potencial de ampliar as exportações. Já no mercado interno, Cida concorre para ampliar o setor de carnes diferenciadas, com apelo de qualidade associada aos benefícios ambientais, com mitigação dos Gases de Efeito Estufa (GEEs)”, salienta o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Roberto Giolo.
De acordo com ele, a principal finalidade da marca-conceito CCN será atestar a produção de bovinos de corte em sistemas com a introdução obrigatória de árvores como diferencial, promovendo o bem-estar animal.
Estratégias
Para a produção mais sustentável de carne bovina em território nacional, o cientista acredita que o novo selo “poderá ser uma boa estratégia para demonstrar todo o esforço do Brasil, em suas ações voluntárias frente às mudanças climáticas; para produção e exportação de um produto diferenciado; e para valorizar a pecuária e a gestão ambiental do País”.
Giolo informa ainda que o público-alvo desta “nova carne” será todo e qualquer mercado mais exigente, “não só pela qualidade do produto, mas pelo menor impacto ambiental do sistema produtivo, principalmente com relação às emissões de GEEs, como a Europa e Japão”.
Ele também acredita que o novo selo também será um facilitador para as metas nacionais previstas no Plano de Agricultura de Baixo Carbono, “na medida em que o selo está associado à carne produzida em sistemas pecuários que incluem o componente arbóreo plantado, como sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris”. “Estes sistemas, por sua vez, se enquadram como modelos de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (IL PF), que consistem em uma das ações propostas pelo Plano ABC”.
Exigência
Para futuramente receber o selo CCN, será necessário que o sistema pecuário inclua o componente arbóreo plantado (como sistema silvipastoril ou agrossilvipastoril) e que o metano emitido pelos animais em pastejo seja mitigado pelo carbono fixado no tronco das árvores, cuja madeira deverá ser utilizada para serraria (plano de manejo ou de corte final das árvores para 10 a 15 anos).