Capturar aromas na natureza sem a necessidade de levar as amostras das plantas para o laboratório. Este foi o desafio conquistado por pesquisadores de um projeto desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza (CE), a partir de dendezeiros cultivados no município de Rio Preto da Eva (AM).
Para alcançar este feito, eles desenvolveram um sistema que suga os compostos voláteis liberados pela planta no meio ambiente, mantendo-os estáveis em uma matriz adsorvente, que é capaz de fixar suas moléculas. A partir disto, é possível preservar os compostos naturais por até uma semana.
Entre as oleaginosas, o dendezeiro é a de maior produtividade no País, podendo atingir de oito a dez toneladas de óleo por hectare ao ano, em condições favoráveis. Apontado como um dos melhores óleos para produção de biodiesel, o óleo retirado desta planta é de ampla utilização na indústria de alimentos, farmacêutica e química.
Análise
De acordo com a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o novo método de retirada de aromas do dendezeiro facilita o transporte, em baixa temperatura, para o Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais, onde são avaliadas.
“Jamais seria possível cortar as inflorescências e levá-las no gelo para o laboratório. Não teríamos o mesmo resultado depois de tanto tempo. As substâncias não seriam as mesmas liberadas pela planta viva, nas condições em que atraem polinizadores na natureza”, explica o pesquisador da Embrapa Guilherme Zocolo, que desenvolveu a metodologia de coleta.
Vantagens
Dentre as vantagens desta técnica estão o fato de o método não ser destrutivo e poder adaptar tecnologias para uso em condições não controladas, como fazendas e florestas.
Conforme a estatal, também abre uma série de possibilidades de aplicações em pesquisa, não só no monitoramento da produção de substâncias, que atraem polinizadores para as plantas com fins agrícolas ou ecológicos, como também na análise de compostos que atraem ou repelem insetos-praga.
O método ainda auxilia no diagnóstico de doenças de plantas e animais, além de favorecer o controle de qualidade de matérias-primas/insumos vegetais e animais com base no perfil de voláteis. Outra vantagem é que o método não danifica a fonte dos compostos voláteis. No caso do dendezeiro, o corte das inflorescências favoreceria a contaminação por doenças e o ataque de pragas existentes na região.
Equipamentos
O sistema funciona com a utilização de uma pequena bomba de sucção acoplada a uma matriz adsorvente, que preserva os compostos. “Aproveitamos utensílios já existentes no mercado e desenvolvemos um novo uso para eles”, conta o pesquisador Guilherme Zocolo.
Segundo ele, os métodos tradicionais de captura de compostos voláteis envolvem equipamentos sofisticados e caros, o que inviabiliza o manuseio em ambientes adversos, como fazendas e florestas.
Polinização
Os pesquisadores estudarão os compostos orgânicos voláteis emitidos pelo dendezeiro, pelo caiaué (planta da Amazônia sem exploração comercial) e pelo BRS Manicoré, que é um híbrido das duas plantas desenvolvido pela Embrapa Amazônia Ocidental.
Para mais informações, acesse http://ow.ly/A2LC3028aku (link encurtado).