Uma batata-doce com alto vigor e grande produtividade, forma alongada e pele púrpura (vinho), além da polpa na cor creme, é a grande novidade lançada, em março deste ano, pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Fora todas as vantagens citadas, a variedade BRS Fepagro Viola conta com 35,79% de amido por cada cem gramas do tubérculo. O produto serve tanto para o consumo humano como para a produção de biocombustível.
Para o resultado final da BRS Fepagro Viola, foram testados mais de 50 materiais em campo. “É uma cultivar que responde bem a qualquer trato cultural e produz de 60 a 80 toneladas por hectare”, destaca o pesquisador da Fepagro Vale do Taquari, Zeferino Chielle.
Melhoramento
As pesquisas de melhoramento deste tipo de batata-doce começaram ainda na década de 1940, na sede da Fepagro do Vale do Taquari, no Estado de Rio Grande do Sul, com variedades usadas, há décadas, por agricultores da região. Em parceria com a Embrapa, pesquisadores da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária coletaram amostras destas variedades já utilizadas pelos produtores rurais.
Durante o processo de seleção, foi feita a limpeza clonal e a multiplicação dos materiais mais promissores relacionados ao vigor e à produtividade da batata-doce. Outro diferencial da cultivar, segundo o pesquisador Zeferino Chielle, é a diversidade no tamanho da raiz, que pode ter formatos diferentes e variadas aplicações. “Serve para consumo humano, para produção de biocombustível e até para ração animal, devido a seu alto valor energético”, pontua.
Etanol
Para o setor de biocombustíveis, a batata-doce já é considerada importante. “Sabe-se que uma tonelada de cana-de-açúcar produz 80 litros de etanol, enquanto a mesma quantidade de batata-doce, rende 158 litros. No Brasil, este processo esbarra na baixa produtividade das cultivares e na falta de mecanização das lavouras”, informa o pesquisador da Embrapa Clima Temperado (RS) Luis Antonio Suita de Castro.
De acordo com o especialista, as cultivares registradas pela estatal e recomendadas à produção de biocombustíveis, especialmente a BRS Fepagro Viola, alcançaram médias superiores a três quilos por planta, resultando em uma produção de 75 toneladas por hectare, em lavouras corretamente conduzidas.