Jovens criam aplicativo Anama, que propõe a intermediação de restaurantes, varejistas e indústrias alimentícias, que podem doar o excedente de alimentos para ONGs
Preocupada com o desperdício de alimentos no Brasil, uma estudante de São Vicente e outros quatro jovens de São Paulo desenvolveram um aplicativo que torna viável a doação de alimentos perecíveis. Por meio do Anama, restaurantes, varejistas e indústrias de produtos podem doar o excedente de alimentos para organizações não-governamentais (ONGs).
No final de 2014, o sistema ganhou a terceira edição do Hackathon, encontro de tecnologia que propõe a criação de aplicativos com código aberto para dispositivos móveis, promovido pelo Comitê de Jovens Empreendedores (CJE) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Vencedor na categoria “Inovação para a Sociedade”, o Anama foi idealizado por Carolina Godoy, e teve sua identidade visual desenvolvida por Karina Martins, de 27 anos, estudante de propaganda e marketing da Esamc.
Ponte
O objetivo do aplicativo é fazer uma ponte entre empresas e ONGs. “Com o Anama, quando um produto perecível estiver perto do prazo de vencimento, ao invés de ser desperdiçado, poderá ser doado às instituições cadastradas na plataforma”.
Para criar o app, Karina e seus colegas levaram em conta o fato de, no Brasil, 65 milhões de pessoas viverem em situação de insegurança alimentar, o que contribui significativamente para o aumento de doenças relacionadas à desnutrição. Por outro lado, 45% dos alimentos produzidos no País são desperdiçados por falta de soluções tecnológicas relacionadas ao processo de doações, explica a estudante.
“Diante disso criamos este aplicativo, que também contará com um hardware instalado nos caminhões responsáveis pelo transporte destas mercadorias. Esse sistema irá rastrear o produto, além de monitorar a temperatura e umidade dos alimentos. Isso irá permitir a qualidade e segurança microbiológica dos alimentos que serão doados”, comenta a estudante.
Expansão do app
Além de Karina Martins, que é jornalista, profissional de turismo e estudante de Marketing e Propaganda, o grupo foi formado por Carolina Augusta Alves de Godoy, especialista em Desenvolvimento de Pesquisas e Negócios na área de Alimentos e Bebidas; Beatriz Ferreira de Assis, designer gráfica e estudante de Artes Visuais; Homã Alvico, arquiteto; e Propaganda, e Phelipe Ramos Correa, estudante de Engenharia da Computação.
Ambiente favorável
Para Carolina Godoy, com o Anama é possível atender a toda a cadeia de doação de alimentos. “Criamos um ambiente de doações, garantimos que elas serão entregues ao local de destino sem nenhuma possibilidade de desvio durante a logística e ainda asseguramos legalmente que a empresa doadora não sofrerá problemas jurídicos, pois controlamos a doação desde sua retirada até a sua entrega”, explicou.
Segundo Carolina, o novo aplicativo incentiva a doação de alimentos não-perecíveis e, principalmente, estimula e aumenta a doação de alimentos perecíveis.
“A garantia legal dá-se da seguinte forma: pela legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é necessário fazer uma planilha em que todo o alimento perecível precisa ser monitorado na temperatura, dia, horário e validade. Logo, essa prática será comum a todos os estabelecimentos que trabalham com alimentos”, informa.