Expansão é puxada por rotação com cana em São Paulo e substituição à soja em áreas com desafios climáticos no Centro-Oeste (Foto: Sergio Cobel/Embrapa)
Em uma trajetória de forte expansão, a produção brasileira de amendoim mais que dobrou nos últimos dez anos e pode alcançar mais de 1,18 milhão de toneladas na safra 2024/25, conforme estimativa da Consultoria Agro do Itaú BBA. O aumento representa 60,3% a mais que a safra anterior, impulsionado por uma expansão de área de 10% e uma elevação de 47% na produtividade.
“O amendoim, quarta oleaginosa mais cultivada do mundo, tem ganhado relevância no Brasil nos últimos anos, tanto em área plantada quanto em produção”, afirma a consultoria.
Com alto valor nutricional, “sendo amplamente utilizado na alimentação humana por ser rico em proteínas e vitaminas”, o grão também é reconhecido por sua “boa rentabilidade” e por contribuir para o “controle de nematoides”.
Por esse motivo, sua adoção como cultura de rotação tem crescido entre os produtores de cana-de-açúcar, especialmente em São Paulo. A escolha é estratégica, já que a cultura “se beneficia do clima, do solo fértil e da infraestrutura industrial e logística” do estado.
São Paulo concentra 90% das plantações de amendoim do Brasil. As quatro principais regiões produtoras, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA), são Tupã, Marília, Jaboticabal e Presidente Prudente, todas com mais de 3 milhões de sacas de 25 quilos por safra.
De acordo com informações da Superintendência de Agricultura e Pecuária no Estado de São Paulo (SFA-SP), é crescente a utilização de sementes de categoria superior e produzidas sob as normas estabelecidas pelo Mapa.
Para se ter uma ideia, na safra 2015/16 estavam inscritos no Mapa sete produtores de sementes de amendoim e 7.926,87 hectares de campos de produção instalados. Já na safra 2023/24 se inscreveram 27 produtores de sementes com 32.321,29 hectares de campos. Ou seja, a área quadruplicou.
Amendoim ocupa espaço da soja

Vagens de amendoim no campo. Foto: Jair Heuert/Embrapa
No Centro-Oeste, especialmente no Mato Grosso do Sul, o amendoim surge como alternativa diante das dificuldades da soja, prejudicada por questões climáticas.
A consultoria destaca que “em solos mais arenosos”, essas condições têm sido desafiadoras para a oleaginosa dominante. Já o amendoim, “em função de sua rusticidade, pode apresentar uma vantagem comparativa nessas condições”.
Após décadas de retração – a cultura foi historicamente relevante até os anos 1980, mas perdeu espaço com o avanço da soja –, o amendoim voltou a ganhar espaço nas lavouras brasileiras.
A produção, que era de 347 mil toneladas na safra 2014/15, alcançou 734 mil toneladas em 2023/24, mesmo sendo um “ano de quebra de safra”, de acordo com dados da Conab.
Apesar de o consumo interno apresentar crescimento, a maior parte da produção tem como destino o mercado externo. “Cerca de 75% da produção total é destinada à exportação, predominantemente em forma de grãos e óleo.”
O Brasil ocupa hoje a posição de segundo maior exportador mundial de óleo de amendoim, atrás apenas da Índia. Mas, segundo estimativas do USDA, “o Brasil pode ser o principal exportador de óleo em 2025 e avançar ainda mais na exportação de grãos”.
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Ainda assim, o cenário internacional apresenta desafios. A Consultoria Agro do Itaú BBA projeta um ambiente de pressão nos preços externos, em razão das boas safras obtidas por outros grandes produtores.
“Prevê-se um cenário de diminuição dos preços de exportação neste ano em função das boas safras colhidas pela China, Estados Unidos e Índia.”
A Argentina também pode contribuir para a queda nos preços, já que está com “uma área plantada recorde”, o que deve ampliar os estoques mundiais da oleaginosa.