A iniciativa é utilizada nos picos de produção da safra, na região Metropolitana de Belo Horizonte
Um casal de agricultores familiares mineiros aderiu ao sistema “colha e pague” para escoar a safra de morangos orgânicos nos períodos de alta produção. Desde fevereiro, eles produzem morangos em Florestal, na região metropolitana de Belo Horizonte, e em junho estrearam a nova forma de comercializar a fruta. No local, Daniela Leonel e Hernane Lucas Barbosa passam informações sobre o cultivo do morango e acompanham o consumidor que recebe uma cesta e uma tesoura, além das orientações para colher as frutas que vai comprar.
O resultado superou as expectativas do casal. “Os adultos relembravam coisas da infância, momentos que eles já tiveram, a fruta desejada que não podiam comprar, porque não era tão acessível, enquanto as crianças tiveram a oportunidade de colher o moranguinho no pé”, relata Daniela. “Foi incrível a aceitação das pessoas, teve muita repercussão e propaganda boca a boca.”
Segundo Daniela, o sistema não pode ser contínuo, pois obedece a sazonalidade da fruta. Embora tenha plantado uma cultivar que produz o ano inteiro, vão ter períodos de picos e períodos de queda na produção. “Quando eu tenho picos, posso oferecer a opção colha e pague, mas quando a produção cai, só consigo vender da forma convencional, nos pontos de revendas ou no nosso espaço de produção”, explica.
O visitante paga R$ 29 pelo quilo do morango colhido, não tem quantidade mínima nem limite. A opção está disponível em três horários às sextas, sábados e domingos.
Vida no campo
Conhecidos de longa data da Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em 2013, eles deixaram os empregos na cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e retornaram à Minas Gerais. Queriam realizar o sonho de viver do trabalho no campo e desfrutarem de qualidade de vida.
“Queríamos empreender, morar no campo, pois sempre tivemos uma queda pra roça e para a ideia de qualidade de vida”, conta Daniela Leonel. “Chegamos sem experiência com roça, terra, mercado e nem capital suficiente os investimentos, apenas com boa vontade e romantismo”, acrescenta.
Orientações técnicas
Eles receberam as primeiras orientações técnicas da Emater para investir em hortaliças orgânicas e ter acesso ao crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que financiou a compra do primeiro carro usado para o transporte das hortaliças. Isso aconteceu quando eles mudaram para Pará de Minas e, depois, para Pequi, onde arrendaram meio hectare de terras.
“A gente não tinha noção de como começar e um coordenador mais especializado em orgânicos nos apresentou a opção. Gostamos da ideia, fizemos um curso e decidimos que ia ser por esse caminho”, conta.
Daniela e Hernane viveram uma trajetória cheia de altos e baixos, na produção de hortaliças e morangos orgânicos, em três municípios da região Metropolitana de BH: Caeté, Belo Vale e Florestal. Mais maduros e com mais conhecimentos, decidiram se dedicar exclusivamente ao cultivo de morangos.
Certificação
As frutas têm certificação SAT (sem agrotóxicos), concedida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O plantio é feito em estufas, usando a técnica da semi-hidroponia (suspensas, plantadas em substrato, com fertirrigação para adubar e irrigar). Atualmente, eles estão sendo cultivando 8,2 mil mudas,em estufas.
Atualmente a produção é comercializada no local, em supermercados de Pará de Minas, no Mercado do Cruzeiro, em Belo Horizonte, e por meio de delivery, para clientes da capital mineira. Mas a demanda está aumentando e agricultores já planejam a expansão do negócio, com a criação de mais pontos de vendas em Belo Horizonte.
Minas Gerais é o maior produtor de morangos do País, com 139 mil toneladas anuais. A cultura ocupa 2,8 mil hectares e envolve 7,8 mil agricultores familiares, segundo a Coordenadoria Estadual de Fruticultura da Emater-MG.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Emater-MG